Operação na Maré tem 2 suspeitos mortos e 3 presos; Linha Amarela chegou a ser fechada
A Polícia Civil do RJ iniciou nesta segunda-feira (9) uma operação no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio. É mais uma fase da Operação Torniquete, que combate o roubo de cargas e de veículos. Um helicóptero e 5 blindados davam apoio aos agentes.
Moradores relataram muitos tiros na Maré. Um forró acontecia no Parque União no momento da chegada dos agentes ao local.
Traficantes do Comando Vermelho (CV) eram procurados — entre eles, Rodrigo da Silva Caetano, conhecido como Motoboy, e Jorge Luís Moura Barbosa, o Alvarenga.
Os dois são responsáveis, entre outros crimes, “por arquitetar e gerenciar quadrilha de roubos de veículos e de cargas para financiar a ‘caixinha’ da referida organização criminosa, o que viabiliza a compra de armamento, munição e o pagamento de uma ‘mesada’ aos parentes de presos faccionados, bem como das lideranças da facção”, explicou a nota da Polícia Civil.
Até a última atualização desta reportagem, havia registro de 2 suspeitos mortos e 3 homens presos, além de 3 fuzis, 2 pistolas, 1 granada, drogas, munição e dezenas de carros apreendidos. Um dos presos é o traficante Luiz Mário dos Santos Júnior, o Mário Macaco, do CV. Ele foi capturado em casa, com munição e granada.
“A gente atua hoje no Complexo da Maré, que é também um braço operacional e logístico que fomenta todo esse roubo de carga e automóvel no Rio de Janeiro, onde o quartel general é a Penha”, explica o diretor do Departamento de Polícia Especializada, André Neves.
“Já são 3 presos. Um deles é um dos grandes roubadores da região, responsável por corte de veículo, remessa de peça de veículo para outros estados. Então, há essa organização criminosa fomentando esse tipo de delito. Então, é mais um braço da operação. Essa Operação Torniquete ataca in loco os receptadores, os roubadores, a lavagem de dinheiro e toda essa seara financeira que fomenta todo esse tipo de crime que assola tanto a população do Rio de Janeiro”, completou.
Equipes Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), com o apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e de outras especializadas cumprem mandados de prisão contra os investigados no Parque União, na Nova Holanda e na Baixa do Sapateiro.
A Polícia Militar também atua na região, nas comunidades da Vila do João, Timbau, Vila Pinheiros e Baixa do Sapateiro.
Por volta das 7h40, os dois sentidos da Linha Amarela foram totalmente bloqueados pela Polícia Militar. A via já foi liberada. A interdição teria acontecido após uma tentativa de arrastão de criminosos em fuga.
Às 8h20, o Globocop flagrou um carro em chamas no início da via expressa, na altura da Ilha do Fundão. Não se sabe como o carro pegou fogo.
Pouco depois, o Globocop registrou a movimentação de policiais na Avenida Brasil, altura da Fiocruz. Muitos policiais corriam, e motoristas se protegiam atrás das divisórias da via.
Segundo a polícia, integrantes da facção que atua na Maré recebem ordens dos chefes do tráfico do Complexo da Penha — entre eles, Edgar Alves Andrade, o Doca — e “montam todo apoio logístico para que os integrantes da quadrilha de assaltantes, pratiquem seus delitos em diversos bairros do Rio de Janeiro e da Região Metropolitana”.
As investigações revelaram ainda a prática de várias atividades criminosas relacionadas aos roubos de veículos e de cargas, entre elas:
- Armazenamento, transbordo e revenda das cargas roubadas para receptadores;
- Clonagem de veículos para posterior revenda ou troca por armas e drogas;
- Desmanche de veículos para revenda de peças;
- Uso dos veículos roubados pelas quadrilhas para deslocamento e cometimento de outros crimes;
- Cativeiro de vítimas sequestradas para realização de transferências via PIX.
Desde setembro, já são mais de 250 presos, além de veículos e cargas recuperados, na Operação Torniquete.
Confronto na Penha
Na terça-feira passada (3), uma megaoperação na Penha, na Zona Norte, deixou 6 feridos, 1 morto e 13 presos. A Polícia Civil cumpriu mandados de prisão em outra fase da Operação Torniquete.
Chefes da facção eram procurados — entre eles, o traficante Edgar Alves de Andrade, o Doca. Os policiais também tentavam prender criminosos foragidos do Pará e do Ceará escondidos na Penha.
Além dos feridos, um bandido, ainda não identificado e com passagens por roubo de carga, foi morto durante confronto com policiais do batalhão de Olaria.
Doca, também conhecido como Urso, de 54 anos, seguia foragido até a última atualização desta reportagem.
Segundo a polícia, ele tem uma longa lista de crimes nas costas:
- mandou matar comparsas envolvidos nas execuções de três meninos em Belford Roxo;
- “condenou à morte” bandidos que executaram por engano três médicos na orla da Barra da Tijuca;
- tentou sequestrar um piloto de helicóptero da polícia para resgatar presos;
- comanda a Tropa do Urso, responsável por invasões a dezenas de comunidades;
- e mandou executar os homens que mataram os três meninos que desapareceram em Belford Roxo.