8 de setembro de 2024

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Novo protesto contra demolições na Maré volta a fechar Av. Brigadeiro Trompowski

A Avenida Brigadeiro Trompowski foi fechada na manhã desta sexta-feira (23) em mais um protesto contra as demolições no Parque União, no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

As polícias Civil e Militar e a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) estão na comunidade desde o início da semana para pôr abaixo o que consideram o “condomínio do tráfico”, um conjunto de imóveis ainda em construção erguidos sem o aval do poder público nem normas de segurança.

Nesta sexta, moradores e comerciantes fecharam a via — que liga a Avenida Brasil à Ilha do Governador. Até a última atualização desta reportagem, não havia informações de confrontos. Na segunda-feira (19), barricadas foram usadas para travar a avenida.

Além da manifestação na comunidade, professores organizaram um ato em frente à Prefeitura do Rio. Na última quinta-feira (22), cerca de 900 estudantes ficaram sem aula em decorrência da operação conjunta.

No fim da manhã desta sexta, os professores foram recebidos por uma comissão da Secretaria de Educação, com o objetivo de debater alternativas mediante ao cenário de insegurança na Maré.

“Ontem o protocolo determinou que as escolas deveriam ficar fechadas para que a gente pudesse garantir a integridade física de toda a comunidade escolar e a Secretaria Municipal de Educação ordenou que as escolas abrissem”, reclama a professora Susana Gutierrez.

Professores protestam na Prefeitura do Rio — Foto: Reprodução/TV Globo
Professores protestam na Prefeitura do Rio

Só este ano já são 26 dias esse ano com pelo menos uma escola sem aula na Maré, mais dias que em todo o ano passado. Desde que a operação começou, pelo menos 26 das 49 escolas do Complexo da Maré não funcionaram.

“Coloca em risco de morte a vida das nossas crianças, dos profissionais. A gente quer condições de trabalho. Esse protocolo precisa ser construído com o conjunto dos profissionais”, diz Samantha Guedes, coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do RJ (Sepe).

A Secretaria Municipal de Educação (SME) informa que o fechamento das escolas segue o protocolo “Acesso mais Seguro”, em parceria com a Cruz Vermelha Internacional. A SME informa ainda que a dinâmica das operações policiais na Maré foram avaliadas várias vezes ao longo da semana e que, por isso, adotou determinações diferentes a cada dia.

Comércio local de portas fechadas

De acordo com um morador da comunidade, todo o comércio local foi fechado às 20h desta última quinta-feira (22), apenas mantendo o funcionamento de padarias e farmácias (no entanto, com as portas entreabertas).

Ainda de acordo com o morador, agentes da Polícia Militar não permitiram que os manifestantes entrassem no espaço onde acontecem as demolições.

Comércio fechado no Parque União por conta de protesto contra operação da Polícia Civil e Prefeitura do Rio — Foto: Reprodução
Comércio fechado no Parque União por conta de protesto contra operação da Polícia Civil e Prefeitura do Rio

Comércio fechado no Parque União por conta de protesto contra operação da Polícia Civil e Prefeitura do Rio — Foto: Reprodução
Comércio fechado no Parque União por conta de protesto contra operação da Polícia Civil e Prefeitura do Rio

A operação policial começou na terça-feira (13). De acordo com a Polícia Militar, não há registro de tiroteio entre traficantes e policiais.

Operação objetiva demolir imóveis ilegais

As investigações apontam que a comunidade do Parque União vem sendo utilizada há anos, através da construção e abertura de empreendimentos, para lavar dinheiro com o comércio de drogas.

Segundo a polícia, há uma estratégia da facção criminosa de colocar ao menos uma pessoa em cada unidade habitacional para fingir que são moradores e dificultar as demolições. A primeira fase da operação registrou que cerca de 90% dos prédios estavam vazios. Nos três primeiros dias desta semana, 24 prédios foram descaracterizados, somando 133 unidades.

A Secretaria de Ordem Pública (Seop) afirma que não há data prevista para o término da operação. Até o momento já foram 31 prédios demolidos com cerca de 147 apartamento. Entre as unidades, dez eram comerciais e as outras 137 eram residenciais.

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