No Rio, gasolina sobe até R$ 0,70 nas bombas. Veja outros combustíveis

A volta da taxação do PIS/Cofins, em 1º de março, já impactou o preço da gasolina para os consumidores. Em levantamento realizado pelo EXTRA, nos dias 2 e 3 de março, foi constatado aumento em todos os postos visitados no Estado do Rio. O encarecimento chegou a R$ 0,70 por litro em Encantado, na Zona Norte do Rio. Veja abaixo.

No mesmo dia da reoneração, de R$ 0,47 por litro, a Petrobras diminuiu o preço da gasolina para as distribuidoras, em R$ 0,13. Com base nisso, o governo federal previu que o litro do combustível ficaria até R$ 0,34 mais caro nas bombas. Ou seja, em 18 de 19 postos, a alta foi superior. E o aumento chegou ao dobro do esperado. A exceção foi o posto em Engenho de Dentro, onde a alta foi de R$ 0,21.

— A gasolina compromete, em média, 5% do orçamento familiar. E 10% de aumento no preço dela faz subir em 0,5% a inflação. É um impacto muito rápido. Então, em 2022, como era ano eleitoral e existia uma disputa muito grande, o governo da época zerou impostos federais e diminuiu o ICMS. A queda no preço da gasolina foi de 25% no ano, e a inflação, que era esperada em 8,5%, ficou em 5,8%. Mas não era sustentável para as contas públicas, que estão no vermelho — explica André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre.

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Pelo aumento no preço da gasolina, Braz estima impacto de 0,35% na inflação de março — respondendo por metade da inflação esperada: 0,7%.

A reoneração do etanol foi de apenas R$ 0,02. Professor de economia do Ibmec RJ, Haroldo Monteiro, explica que sempre há uma preocupação maior em não tributar tanto o etanol, que é um combustível limpo. Na prática, o litro do etanol encareceu até R$ 0,30 para o consumidor no Estado do Rio, de acordo com o levantamento do EXTRA. Entre 18 postos, 15 tiveram aumento nos preços: o máximo encontrado foi de R$ 0,30 no Engenho Novo.

Consumidores sentem no bolso

Apesar do aumento menor no preço do etanol, este foi sentido pelos consumidores. O servidor público Domingos Ricardo, de 58 anos, abasteceu o carro com etanol pela primeira vez após o aumento no preço, que foi de R$ 0,20 em Jacarepaguá. E reclamou:

— Gasto cerca de R$ 300 por mês com combustível, e isso pois estou em home office há mais de dois anos. Uso o carro para buscar minha esposa no trabalho duas vezes por semana e gasto pouco combustível. Se usasse o carro todo dia, gastaria R$ 300 por semana — conta Domingos Ricardo, de 58 anos.

O motorista de Uber João Arraes, de 69 anos, abasteceu no mesmo posto o carro, para trabalhar, na última quinta-feira. Com o aumento no preço do etanol, ele lamentou sua margem de lucro diminuir.

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— Para sair com o carro para trabalhar, eu coloco R$ 100 em etanol. E a gente fica a mercê de quem tem autoridade para aumentar os preços. Enquanto isso, o nosso lucro, que já é pequeno, diminui mais.

Com os aumentos — diferentes — nos preços dos combustíveis, os motoristas podem ficar confusos sobre qual vale mais a pena economicamente. Na hora de abastecer, para fazer a escolha certa, portanto, é preciso consultar a calculadora.

A dica é multiplicar o preço do litro da gasolina por 0,7, já que o desempenho de cada litro do etanol representa 70% do da gasolina. Se o resultado ficar abaixo do preço do litro do etanol, a gasolina é mais vantajosa.

Impostos voltaram parcialmente

A reoneração que acontece este mês é parcial, ou seja, os impostos não estão sendo retomados no valor integral que tinham anteriormente.

Ainda não há previsão para outras etapas dessa retomada, mas os especialistas esperam que aconteçam concomitantemente a novas quedas de preços dos combustíveis nas refinarias, para tentar equilibrar as contas.

— Além do que se paga no próprio carro, o aumento no preço da gasolina e do etanol impacta serviços domiciliares, que sofrem pressão no custo. Mas, é claro, o aumento no preço do diesel tem um efeito de transbordamento maior, pois impacta toda a cadeia logística brasileira, que é baseada no transporte por caminhões movidos a diesel — explica Eduardo Amendola, economista docente da Estácio.

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De acordo com o levantamento do EXTRA, entre 13 postos, 11 mantiveram o preço do diesel de uma semana para a outra. O GNV também se manteve com o mesmo preço em nove postos, e apenas em um teve alta. Ainda assim, os motoristas não estão satisfeitos.

— Eu uso um cilindro de GNV por dia, indo do Méier para Rocha Miranda, São João de Meriti, Centro do Rio. Gasto aproximadamente R$ 1.500 por mês. É um peso muito grande no orçamento da família — conta a advogada Rosiane Viana, de 56 anos.

Governo recebe denúncias

A partir de sexta-feira, por cinco dias, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) recebe denúncias de práticas abusivas na venda de combustíveis. Entidades dos estados, municípios e da sociedade civil devem enviar para a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). A partir das informações recebidas, será analisada a abertura de processo para apurar a denúncia.

— A livre fixação de preço não permite qualquer coisa, porque você tem a fronteira do abuso — afirmou o ministro Flávio Dino, em entrevista coletiva na última quinta-feira (dia 2).

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