Ministério Público do Rio determina abertura de inquérito policial para investigar Hurb

A 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da área Santa Cruz, no Rio, determinou no dia 10 de julho a instauração de inquérito policial para apurar possíveis crimes cometidos pelo site de viagens Hurb. O inquérito corre na 36ª Delegacia de Polícia do Rio.

A investigação decorre de uma denúncia feita em setembro do ano passado pelo advogado João Francisco Raposo Soares ao Ministério Público Federal. Este encaminhou para o MP estadual do Rio, cidade que é sede da empresa.

Raposo é alvo de uma ação movida pelo Hurb, que não gostou de um vídeo do advogado alertando consumidores sobre os riscos de se comprar pacotes pela agência digital. A empresa tentou tirar a postagem do ar, mas não obteve sucesso no pedido liminar.

“O Hurb é uma agência de turismo virtual que vende pacotes turísticos com preços muitíssimo abaixo de todas as outras empresas do Brasil e do mundo. Embora não seja nem mesmo uma das 10 maiores agências de viagens do Brasil, trata-se da única empresa do mundo que vende todos os seus pacotes turísticos (hotel + passagens) a um preço no mínimo três vezes mais barato que os menores preços de todos os seus concorrentes do mundo inteiro”, escreveu o advogado no pedido de abertura de inquérito.

Procurado, o Hurb disse que não foi notificado de qualquer ação ligada ao Ministério Público.

Desde o dia dia 29 de maio, o Hurb está proibido de vender pacotes flexíveis ou a descoberto (sem data fixa para o embarque). A medida foi aplicada pela Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) após um aumento de reclamações de consumidores que compraram pacotes e não conseguiram viajar. A agência de viagens recorreu da decisão, mas a demanda ainda está sob análise.

Segundo a Senacon, a suspensão da venda dos pacotes flexíveis “foi adotada como forma de proteção aos consumidores e busca garantir a resolução das milhares de reclamações já existentes, antes que novas vendas sejam realizadas”.

A crise da Hurb começou com o fim da pandemia. Enquanto o turismo mundial estava em suspenso, a Hurb vendeu R$ 3 bilhões em pacotes flexíveis a preços super agressivos. Com a retomada das viagens, os preços dispararam e empresa ficou sem recursos para honrar as viagens. A situação saiu do controle quando o fundador e CEO João Ricardo Mendes xingou um cliente e exibiu dados confidenciais num grupo aberto de WhatsApp. A crise levou a uma queda nas vendas, comprometendo ainda mais o fluxo de caixa.

Em nota enviada à coluna, o Hurb disse “reconhecer os problemas enfrentados nos últimos meses, que afetam alguns processos da empresa”. A empresa diz ainda “que todas as questões foram mapeadas e já estão sendo sanadas por meio de diversas iniciativas que compõem um plano de ação estruturado para a regularização das atividades”.

“Em relação à solicitação do jornal O Globo, o Hurb informa que não foi notificado de qualquer ação ligada ao Ministério Público. O Hurb aproveita para reiterar o seu comprometimento com a realização das viagens adquiridas na plataforma, assim como com a devolução de valores solicitados por seus clientes. No entanto, esclarece que, por questões legais, não comenta ações ou processos em andamento. O Hurb frisa que segue prezando pela escuta ativa e cuidado com seus públicos e, por isso, está à disposição para esclarecer eventuais dúvidas”, declarou a empresa na nota.

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