Mercado de carbono deve gerar benefícios diretos para catadoras, diz secretária extraordinária
Durante evento na abertura da COP30 em Belém, Cristina Reis destacou a importância de incluir trabalhadores da reciclagem na transição para a economia de baixo carbono
A secretária extraordinária do Mercado de Carbono do Ministério da Fazenda, Cristina Reis, afirmou que a regulamentação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) vai gerar oportunidades e incentivos reais para trabalhadores da base da cadeia de resíduos, como os catadores de materiais recicláveis. Segundo ela, os modelos de negócios voltados à geração de créditos de carbono no setor devem ser estruturados de forma que os benefícios sejam compartilhados sobretudo com as mulheres, que são a maioria dentro do universo de catadoras e trabalhadoras da reciclagem.
Cristina participou do painel “Oportunidades para descarbonizar a economia por meio da gestão adequada de resíduos – Créditos de Carbono da Reciclagem”, realizado na segunda-feira (10/11), durante a COP30, em Belém (PA). O evento foi realizado na Zona Azul, espaço que abriga os pavilhões dos países e onde ocorrem as negociações oficiais da Conferência do Clima e contou também com a participação de Guilherme Boulos, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República; Roberto Rocha, presidente da Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat); Aline Sousa; da Unicatadores; e Jean Benevides, da Vice-Presidência de Sustentabilidade e Cidadania Digital da Caixa Econômica Federal.
A secretária destacou que a regulamentação do mercado de carbono pode transformar a vida desses trabalhadores, ao reconhecer o papel essencial que desempenham na economia circular e na transição para uma economia de baixo carbono. “Todos os modelos de negócios voltados à geração de créditos de carbono em resíduos e reciclagem precisam ser estruturados de forma que os benefícios sejam compartilhados com essas trabalhadoras, em sua maioria mulheres, e com os milhares de trabalhadores do setor. A regulamentação do mercado de carbono pode trazer oportunidades reais e incentivos capazes de transformar a vida dessas pessoas”, afirmou.
Previsto para entrar em operação em 2030, o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) integra o Novo Brasil – Plano de Transformação Ecológica, coordenado pelo Ministério da Fazenda, que reúne políticas voltadas à descarbonização, à inovação e à inclusão social como pilares de um novo modelo de desenvolvimento sustentável.
Para a secretária, o mercado de carbono vai funcionar como um instrumento de transformação produtiva e social, capaz de gerar novas oportunidades de trabalho e renda. Na prática, o sistema vai conectar a política climática global ao cotidiano de quem, no país, transforma a reciclagem em atividade econômica e em prática permanente de sustentabilidade.
Economia Circular
O Ministério da Fazenda também foi representado no primeiro dia da COP30 pela subsecretária de Transformação Ecológica da Secretaria-Executiva, Carolina Grottera. Ela mediou o painel “Economia Circular para Transformação Ecológica”. Realizado na Zona Verde, espaço dentro da Conferência voltado à sociedade civil, organizações e entidades públicas e privadas ligadas à sustentabilidade, o debate marcou a primeira vez em que a economia circular ganhou um dia temático em uma Conferência do Clima.
“Esta é a primeira vez em que a economia circular tem um dia temático em uma COP, e isso mostra o quanto essa pauta ganhou força. É uma agenda transversal que atravessa todos os setores da economia e da sociedade, porque não trata apenas de produção e consumo, mas de um novo paradigma sobre como usamos recursos e geramos resíduos”, disse. “Escolhemos fazer este painel na Zona Verde justamente para ampliar a participação social. A economia circular é um projeto coletivo e essencial para a transformação ecológica que o Brasil está conduzindo”, completou Grottera, ao abrir o evento.
O painel reuniu representantes do governo e da sociedade civil, entre eles Júlia Cruz, secretária de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC); Eduardo Rocha, diretor do Departamento de Gestão de Resíduos do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA); Ricardo Capelli, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI); e Luísa Santiago, diretora para a América Latina da Fundação Ellen MacArthur.
A economia circular é um dos eixos estruturantes do Novo Brasil – Plano de Transformação Ecológica, que orienta a transição do país para uma economia de baixo carbono, mais eficiente e inclusiva. Sob coordenação da Secretaria-Executiva do Ministério da Fazenda, a agenda busca alinhar política fiscal, instrumentos financeiros e inovação tecnológica para criar um ambiente econômico favorável à produção sustentável.

