Médicos confirmam DNA de Daniel Alves dentro do corpo da vítima; brasileiro chega algemado a último dia de julgamento por estupro

Médicos que prestaram depoimento no julgamento do ex-jogador brasileiro Daniel Alves nesta quarta-feira (7), na Espanha, confirmaram ter encontrado DNA de Alves em material coletado dentro do corpo da espanhola que diz ter sido estuprada por ele.

As análises foram coletadas em fevereiro do ano passado, quando o processo seguia em segredo de Justiça. No entanto, a imprensa espanhola afirmou, com base em fontes da investigação, que os exames haviam indicado restos de sêmen de Alves.

O brasileiro responde pela acusação de ter estuprado uma mulher em uma boate em Barcelona, na Espanha. Ele nega.

Os médicos confirmaram a versão da imprensa no depoimento desta quarta. Eles falaram durante o último dia do julgamento, quando também está previsto o esperado depoimento de Daniel Alves.

Mas a Justiça de Barcelona, onde ocorrem as sessões, estuda prolongar o julgamento até quinta-feira (8), caso a fala de Alves se estenda mais que o esperado.

O brasileiro chegou algemado e escoltado por cinco policiais à sessão desta quarta, iniciada por volta das 15h15 no horário local (11h15 no horário de Brasília).
Pela programação divulgada pelo Tribunal de Justiça da Catalunha, ele falará ao final da sessão, após o depoimento dos médicos.

Um psicólogo que fez o acompanhamento da mulher nos meses que se seguiram à denúncia disse que ela desenvolveu um sintoma pós-traumático ao ouvir pessoas falando em português, o idioma que Alves e seus amigos falavam na boate onde, segundo ela, houve o estupro.

Depoimento do ex-atleta

Esta será a primeira vez que Alves falará publicamente sobre o caso desde que foi preso, em 20 de janeiro de 2023, enquanto prestava depoimento em uma delegacia de Barcelona. Na ocasião, a polícia viu contradição na versão dada pelo brasileiro.

A expectativa para esta quarta é que o ex-atleta, que há mais de 380 dias em prisão preventiva, apresente no tribunal uma nova versão sobre o episódio. Ele deve insistir na versão que sua defesa deu esta semana, de que estava embriagado e, por isso, teve suas “faculdades alteradas”.

Isso pode garantir a Alves uma redução de pena – caso haja embriaguez provada, a Justiça pode reduzir a pena em cerca de três anos, neste caso.

Durante a sessão desta quarta, um médico que acompanhou o estado psicológico de Alves disse que ele não estava acostumado a beber e, consequentemente, suas capacidades cognitivas e motoras foram afetadas no dia.

Desde que o caso veio a público, Daniel Alves deu quatro versões sobre o que ocorreu:

  • No início de janeiro de 2023, em um vídeo enviado ao canal espanhol Antena 3 depois que o caso veio a público, o jogador negou ter ocorrido relação sexual e disse que sequer conhecia a denunciante. “Nunca vi essa senhora na vida”, afirmou.
  • Dias depois, em um primeiro depoimento à polícia, Daniel Alves declarou ter entrado no banheiro junto com a espanhola, mas negou ter havido qualquer relação entre os dois.
  • Em 20 de janeiro, convocado a um segundo depoimento em uma delegacia de Barcelona, quando foi preso em flagrante, o jogador Alves alegou que a jovem praticou sexo oral nele, porém de forma consensual. O atleta mudou a versão ao ser confrontado pela polícia com imagens da boate.
  • Em 17 de abril de 2023, já preso, Daniel Alves declarou à juíza responsável pelo caso que manteve relações sexuais consensuais com penetração (àquela altura, exames periciais haviam encontrado sêmen do jogador na espanhola). O brasileiro, que era casado com modelo espanhola Joanna Sanz quando ocorreu o episódio na boate, argumentou ter mentido, em um primeiro momento, para ocultar uma relação extraconjugal.

No início da sessão no primeiro dia de julgamento, na segunda-feira (5), a advogada do ex-atleta, Inés Guardiola, afirmou que o jogador se diz vítima de um “tribunal paralelo”, feito, segundo ele, pela opinião pública. A defesa pediu a anulação do julgamento, alegando que a juíza responsável pelo caso não aceitou que um segundo perito examinasse a vítima.

Guardiola solicitou também que novos testes fossem realizados e, só depois disso, que o julgamento fosse retomado. A juíza não acatou o pedido, e a Promotoria contestou na sessão que todos os direitos do acusado foram preservados.

Julgamento

As 28 testemunhas convocadas a depor foram indicadas para participar do julgamento tanto pela defesa quanto pela acusação.

Seis testemunhas prestaram depoimento na primeira sessão, entre elas, a mãe de Daniel Alves.
As outras 22 testemunhas falaram na terça.
Nesta última sessão, peritos que entregarão um relatório e conclusões, e a juíza responsável pelo caso ouvirá Daniel Alves.
A juíza Isabel Delgado Pérez, que julga o caso, ficará responsável por elaborar a sentença. Ao g1, o tribunal disse que ainda não há prazo para que saia a sentença final ao jogador, mas especialistas em direito penal disseram à imprensa espanhola que a decisão não deve demorar, já que a Justiça fez uma investigação prévia ao longo do ano passado.

Enquanto a sentença não sai, Daniel Alves permanecerá em prisão preventiva, em um presídio nos arredores de Barcelona, segundo a decisão atual da Justiça.

O Ministério Público espanhol pede nove anos de prisão ao jogador. A defesa da mulher que denunciou o estupro queria uma sentença maior, de 12 anos de prisão.

O que diz a acusadora

A mulher que acusa Daniel Alves de estupro afirma que, na noite em que, segundo ela, o estupro ocorreu, estava com uma amiga e uma prima na área VIP da boate Sutton e que já tinha dançado com o jogador e amigos dele. Depois disso, diz ela, o atleta insistiu para que a jovem o acompanhasse até um outro recinto.

A jovem alega que achava que, nesse segundo espaço, havia uma nova área VIP. Ao entrar, no entanto, notou que estava num banheiro pequeno, que só tinha um vaso e uma pia. Lá, segundo a acusadora, aconteceu o estupro.

 

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