Mauro Cid chegou a montar ‘mala do presídio’ antes de audiência com Moraes; entenda como delação foi mantida

Delatores chamados a se explicar precisam deixar tudo pronto para o caso de uma rescisão do acordo. Clima antes da audiência foi tenso, e Cid passou a véspera organizando informações.

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid teve que se preparar para todos os cenários nesta quinta-feira (21) antes de ficar cara a cara com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Cid temia, inclusive, sair da audiência de custódia preso. Ele chegou a separar roupas para colocar em uma mala e levar para o presídio, caso fosse detido por descumprir os termos da delação premiada.

O risco estava posto em sinais claros.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) queria que Cid fosse preso novamente – desta vez, por ter omitido informações na delação sobre o ex-ministro Braga Netto e sobre o plano articulado por militares para assassinar Lula, Geraldo Alckmin e Moraes em 2022.

Outro sinal deixou Cid preocupadíssimo: desta vez, ele não foi chamado a prestar depoimento na Polícia Federal, mas, sim, convocado diretamente por Moraes para falar em uma audiência de custódia. Ou seja, uma sessão para tratar de questões decisivas – manter a delação ou não, definir prisão ou não.

Camila Bomfim: Mauro Cid chegou a montar ‘mala do presídio’ antes de audiência com Moraes

Da ‘quase prisão’ à delação mantida

 

E afinal: como Cid saiu desse cenário e terminou o dia com a delação e a liberdade provisória mantidas?

Segundo investigadores, Cid conseguiu dar novos detalhes sobre a participação de Braga Netto.

Além disso, comprovou que não participou do planejamento do assassinato de altas autoridades porque Braga Netto pediu que ele se retirasse do encontro que discutiu o tema, na casa do ex-ministro, em 12 de novembro de 2022.

Cid disse a Moraes que ficou apenas meia hora na reunião – e conseguiu comprovar isso ao mostrar os horários de saída e de retorno ao Palácio do Planalto.

Segundo investigadores, Mauro Cid não deu nenhuma informação bombástica nova, mas fechou pontas e avançou em informações importantes para a investigação.

Com isso, a PGR recuou do pedido de prisão. E Moraes considerou os novos esclarecimentos como um complemento da delação.

Linha do tempo de Mauro Cid: ex-ajudante de Bolsonaro já foi preso duas vezes e depôs na PF, no STF e em CPIs

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