18 de maio de 2025

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Matador de São Gonçalo conhecia as vítimas e planejava matar mais uma pessoa antes de ser preso

O mototaxista Uanderson Chermaut Rodrigues, de 30 anos e o comparsa Sidclei Cruz de Jesus, 29, ambos moradores do bairro Barracão, em São Gonçalo, foram presos na última sexta-feira por agentes da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG), suspeitos de sequestrar e matar três pessoas no município. Segundo as investigações, os corpos das vítimas eram enterrados num cemitério clandestino na localidade de Ipiíba, no bairro de Santa Isabel.

Como agia o suspeito, segundo a polícia

O delegado responsável pelo caso, Augusto Motta Buch, diz que Uanderson conhecia as vítimas e premeditava os assassinatos com frieza. Mesmo tendo uma arma de fogo, ele “costumava executá-las utilizando faca e pedaços de madeira, para fazê-las sentir dor”. Já o companheiro, Sidclei, tinha conhecimento das mortes e o ajudava com os sequestros.

Além disso, Uanderson e o comparsa costumavam assaltar veículos e motos e ficavam com os pertences das vítimas, diz Buch: “Sentimos que ele é um cara frio. Admitiu que matou as vítimas a facadas sem demonstrar arrependimento, sem nenhum remorso. Todas as mortes tinham um padrão, características de um psicopata, serial killer”.

Sidclei, explica o delegado, confessou a participação em uma das mortes e deu detalhes de onde estavam os corpos assim que foi preso.

A polícia também identificou, através do inquérito, que o mototaxista planejava matar outra pessoa no domingo assim que voltasse de um sítio próximo ao município de Casimiro de Abreu, onde foi preso. Uanderson só não cometeu o crime, afirma Buch, porque foi preso antes.

Proximidade com as vítimas

Desaparecido desde fevereiro, o corpo do mototaxista Philippe Prado, de 29 anos, foi encontrado pela polícia em uma região de mata, em São Gonçalo, na última sexta-feira. O jovem era conhecido de Uanderson há pelo menos dez anos. Eles trabalhavam juntos no ponto de mototáxi e costumavam frequentar a casa um do outro, no bairro Barracão. Segundo a irmã da vítima, Lorrayne Prato, o assassino “era uma pessoa aparentemente boa, comunicativa, tinha facilidade em fazer amizade”.

— Ele (Uanderson) ainda chamou o meu primo para ir nos matos ajudar à procurar o meu irmão. Ele sabia onde estava o corpo. Meu pai, na hora que meu irmão sumiu, mandou mensagem para ele perguntando. E ele respondeu falando que não sabia. Ele é um monstro — desabafou Lorrayne, afirmando sobre o estado da família.

Em depoimento à polícia, o mototaxista confessou ter matado Philipe por conta de uma cobrança de dívida. Ele devia dinheiro ao pai da vítima e se recusava a quitar o valor. Segundo o delegado Augusto Buch, Uanderson teria se “irritado” com Philipe pelas cobranças incessantes e planejado a morte dele com ajuda do companheiro de empreitadas criminosas que durante o sequestro chegou a pedir dinheiro aos familiares.

— Estamos todos em choque. Meu irmão não merecia isso. Ele era muito doce e ajudava todo mundo. A filha dele de 5 anos está perguntando todos os dias por ele, minha mãe está a base de remédios. Ele trabalhava com meu irmão no ponto do mototáxi. Foi lá que se conheceram e ficaram próximos. Ele frequentava a casa da nossa família, comia e bebia — afirmou a irmã, confessando que desconfiava do comportamento do assassino, que “invejava a vida do irmão”. — Ele tinha muita inveja do meu irmão. Ele (Uanderson) chegou a falar para minha cunhada que meu irmão era sortudo de ter uma família e que ele era doido para ter uma vida igual a dele.

— O Sidclei confessou ter participado. Ele pegou uma corrida com o Philipe e o pediu para que ele o levasse até o local do crime. Lá, ele amarrou a vítima e colocou um capuz na cabeça. Em seguida, Uanderson chegou, o matou e enterrou o corpo no local — pontuou o delegado sobre a dinâmica das mortes, afirmando que Sidclei ficou com a motocicleta roubada da vítima como forma de pagamento.

O corpo de Philipe foi sepultado nesta segunda-feira no cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo, de acordo com familiares.

‘A mãe que ele não teve’

O corpo da idosa Maria Aparecida Carvalho ainda não foi localizado. Segundo a polícia, ela e Uanderson tinha um relacionamento afetivo e também se conheciam há anos. O delegado afirma que a vítima era como “uma segunda mãe” para Uanderson e teria sido morta a pauladas após um desentendimento por dinheiro.

— Eles tinham uma relação afetiva e a considerava como mãe. O amigo dele, Sidclei, confessou que Uanderson a matou e enterrou o corpo no mesmo local dos outros. Acreditamos que as mortes eram corriqueiras para ele. Por isso desconfiamos que possa haver mais vítimas. Seguimos fazendo diligências — afirmou.

Em 2020, Maria Aparecida chegou a fazer uma postagem pedindo ajuda para localizar uma motocicleta roubada que seria de Uanderson. Na publicação, Aparecida chama o assassino de “amigo”.

“Roubaram a moto do meu amigo mototáxi, por favor se souberem onde está avise pfvr!!”.

‘Aceitou uma corrida e foi morto’

O motorista de aplicativo Edenilson Bernardo Pereira de Souza, de 68 anos, desaparecido desde novembro do ano passado. Segundo as investigações, o idoso saiu do bairro Santa Rosa, em Icaraí, por volta de 6h para trabalhar, como de costume, e não foi mais visto. Parentes do motorista afirmaram à época que havia aceitado uma corrida para São Gonçalo, no bairro Vista Alegre, quando desapareceu.

Segundo a polícia, Edivaldo foi abordado por Uanderson e sequestrado. Tudo indica que o criminoso conhecia a rotina da vítima. Ainda conforme as investigações, o motorista morreu porque teria reagido à abordagem do criminoso.

Uma das filhas de Edenilson, Daniela Velzi, contou que o pai trabalha como motorista de aplicativo há quatro anos. E que nesse tempo nunca havia acontecido nada com ele. Ela explicou que o idoso tinha o costume de pegar corridas das 6h às 9h30, voltando para casa por volta das 10h, para lanchar e para levar o neto autista a sessões de terapia. E apesar da linha de investigação, ela nega que o pai conhecesse o assassino.

— Não, meu pai não conhecia ele. O policial nos informou que meu pai foi o único caso que o cara não conhecia a vítima. Estamos aliviados e agradecidos aos policiais, por termos respostas. Nós já havíamos explicado para as crianças que o vovô havia ido morar com Jesus e que ele estava muito bem e feliz com Ele — afirmou Daniela. O local do sepultamento ainda não foi divulgado.

Uanderson e Sidclei estão em prisão temporária e devem responder por homicídio, sequestro e roubo. A polícia também segue fazendo diligência para identificar possíveis vítimas.

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