Lutas e conquistas trans em pauta em Mesquita

Evento em alusão ao Dia Nacional da Visibilidade Trans encheu o Centro Cultural Mister Watkins nesta terça-feira

Celebrado em 29 de janeiro, o Dia Nacional da Visibilidade Trans ganhou uma celebração especial em Mesquita. Nesta terça-feira, dia 31, a Coordenadoria Municipal de Diversidade Sexual realizou uma mesa de debate na parte da tarde. A ação aconteceu no Centro Cultural Mister Watkins e teve como tema “Lutas e Conquistas Trans”. Entre os convidados, estavam nomes que se destacam na luta pelos direitos não só da população trans do estado do Rio, mas de todos que fazem parte da sigla LGBTQIAPN+.

Eu sou trans e sei o quanto a sociedade invisibiliza o nosso grupo. Não adianta você dizer que entende e é simpatizante da causa, é preciso que você se esforce para contratar funcionários trans, que você promova a inclusão dessas pessoas. É basicamente sobre isso que estamos falando, é por isso que lutamos e é esse o nosso maior desejo. Essa inclusão precisa ser consequência do respeito que essa parcela da população, da qual eu faço parte, merece. Mesmo porque, na verdade, todos os seres humanos merecem e têm direito ao respeito”, enfatizou Paulinha Única, representante da Secretaria Municipal de Governança na Coordenadoria de Diversidade Sexual de Mesquita.

Maria Eduarda Aguiar, coordenadora do TransVida, iniciativa do Grupo pela Vidda, posa com Paulinha Única, representante da Secretaria Municipal de Governança na Coordenadoria de Diversidade Sexual de Mesquita

A mesa de debates foi composta pela coordenadora do TransVida, iniciativa do Grupo pela Vidda, Maria Eduarda Aguiar; pela superintendente de Políticas Públicas LBGT+ de Nilópolis, Bárbara Sheldon; por Pedro Oliveira, representante da coordenadora do Centro de Cidadania LGBT+ Baixada III, de Nova Iguaçu, Cátia Cilene; pela subsecretária municipal de Assistência Social de Mesquita, Nara Lucena; e por Paulinha Única e Laura Mendes, assistente de Paulinha na promoção de políticas públicas voltadas para a população LGBTQIAP+ e Mesquita. Laura aproveitou o evento para se despedir da equipe, já que está de mudança para o Nordeste e encerrou suas atividades na Assistência Social de Mesquita justamente ao final do evento.

Foi uma despedida mais que especial. Mesquita me fez sentir especial, porque abriu as portas para me dar uma oportunidade de trabalho. Mais que isso: no meu trabalho, tive a chance de mudar a realidade de diversas pessoas trans que, assim como eu, sofrem preconceitos e enfrentam inúmeras outras dificuldades para trabalhar, para acessar serviços de saúde e outras situações essenciais para uma vida digna. Estou me mudando de estado, mas levo Mesquita no coração para qualquer lugar que eu vá”, explicou Laura, emocionada, avisando que só está deixando o trabalho e o município por questões familiares. “Preciso cuidar do meu pai, minha mãe está contando muito comigo do lado dela a partir de agora”, disse.

Os trabalhos começaram com a apresentação de um vídeo, mencionando importantes conquistas da população trans e também de toda a comunidade LGBTQIAPN+. Antes de começar a conversa, Paulinha agradeceu a presença e todos e pediu uma salva de palmas especial para o público presente no evento – inclusive o próprio pai dela, Armando de Oliveira, que, aos 92 anos, fez questão de apoiar a ação.

Um dos temas mais debatidos ao longo da roda de conversa sobre “Lutas e Conquistas Trans” foi a questão da empregabilidade para pessoas trans. Maria Eduarda Aguiar, coordenadora do TransVida – iniciativa do Grupo pela Vidda –, foi uma das pessoas que levantou não só essa questão, mas também a necessidade de políticas públicas que garantam, de fato, a sobrevivência das pessoas trans. “Querem tratar mulheres trans como homens. Querem eliminar a gente das políticas públicas. É muito triste a gente estar aqui, reunidas num salão, porque ainda apontam para nós nas ruas. Não existe nenhuma superintendência para homens heterossexuais porque eles não precisam disso”, lamentou.

Maria Eduarda Aguiar também aproveitou para estimular a união da população trans para além da militância. “Temos de nos parabenizar, de dizer umas às outras como somos importantes. Todas nós precisamos de alguém para viver. Temos de dar carinho uma a outra, precisamos fazer esse exercício. O sistema quer que a gente brigue e se mate, mas não vamos cair na deles. Vamos nos amar e nos cuidar”, enalteceu.

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