Lançado após atentado em Suzano, programa para combater violência em escolas de SP foi sucateado, diz pesquisadora
A pesquisadora Luciene Tognetta, líder de um grupo de estudos da Unesp sobre convivência na escola e violência, defende que o estado de São Paulo sucateou o Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar, o chamado Conviva, a partir de 2020. Essa foi a solução anunciada pelo governo do estado para combater a violência nas escolas depois de dois terroristas matarem oito pessoas numa escola em Suzano.
O que aconteceu:
- Um aluno de 13 anos da rede estadual de ensino de São Paulo esfaqueou cinco pessoas na Escola Estadual Thomazia Montoro.
- Uma professora morreu e outras quarto pessoas ficaram feridas.
- O estudante de 13 anos estava há poucos dias na atual escola.
- Ele foi transferido de outra unidade após um boletim de ocorrência ter sido registrado por comportamento violento.
- A funcionária da escola relatou à polícia que ele fez gravações “portando arma de fogo, simulando ataques violentos”.
— O que assistimos, de lá para cá, foi um desmonte do que foi pensado em 2019. Naquele momento, fizemos um diagnóstico de que as escolas explodiriam e é o que estamos vendo agora — afirma Tognetta, que critica Renato Feder, secretário estadual de Educação de SP. — Ele é ingênuo ao repetir erros de 2019 (após o crime em Suzano) ao defender psicólogo e polícia como solução. O que o estado precisa é de professores que entendam como prevenir situações de conflitos. Uma sucessão de erros que leva a acontecimentos como esse.
Em 2019, o estado estava sob o comando do governador João Dória e o secretário de Educação era Rossieli Soares. A previsão da secretaria era implementar o programa em 44 diretorias de ensino em 2020, o que significa quase três mil escolas, e outras 47 no ano seguinte, o restante da rede.
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, Feder afirmou que o Conviva passará de 500 para cinco mil profissionais treinados — atualmente, há um profissional treinado por escola. A rede tem mais de 200 mil profissionais e 5,6 mil escolas.