Júri Popular condena homem que matou amiga em shopping a 28 anos de prisão
“O crime praticado é quadruplamente qualificado, pela motivação torpe, qual seja, abjeto sentimento de posse sobre a vítima, não aceitando o denunciado que esta não quisesse se relacionar com ele; pelo emprego de meio cruel, eis que o denunciado esfaqueou a vítima repetidas vezes, demonstrando brutalidade fora do comum e causando intenso sofrimento na vítima; pelo emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima, que foi surpreendida pelo acusado que, em meio a uma conversa, repentinamente sacou uma faca de sua mochila e a atacou de inopino; e, ainda, praticado contra mulher por razões da condição de sexo feminino, em menosprezo à condição de mulher”, disse a juíza.
Durante o julgamento, sete pessoas foram ouvidas, entre elas quatro profissionais da saúde, uma colega de curso, a tia materna e o irmão mais velho de Matheus.
A primeira testemunha a ser interrogada pela assistência de defesa foi a médica psiquiatra forense Sandra Greenhalgh. Ela afirmou que Matheus tem transtorno psicótico e que no momento do crime “não sabia do ato em si e não conseguiu se segurar”.
A médica é responsável pelo primeiro laudo que indicava que o jovem era “inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito” do crime que cometeu. À época, o documento foi contestado pela mãe da vítima e também por um segundo laudo. Segundo a mãe, Matheus era sim capaz de compreender o que fazia.
Já o outro laudo atestou que Matheus premeditou o crime, por ter comprado uma faca momentos antes do feminicídio.
Além da médica, outros três médicos já foram ouvidos pelos júri. O médico psiquiatra Carlos Roberto Alves de Paiva e a terapeuta ocupacional Mônica Barros de Dutra, ambos do Instituto de Perícias Heitor Carrilho. Em depoimento, o médico psiquiatra leu a declaração de Matheus ao relatar como praticou o homicídio. Segundo Matheus, em atendimento médico, o que motivou o crime foi o fato da vítima falar que iria deletá-lo das suas redes sociais e que não queria mais contato com ele.
Ainda segundo o réu, Vitorya Melissa teria dito que ela “não resolveria os problemas dele”. Para o especialista, Matheus estava consciente quando esfaqueou a jovem. O médico perito Sami Abder também foi ouvido. Ele concorda com o laudo apresentado pela defesa do réu.
Relembre o caso
Vitorya e Matheus, de 23 anos, eram colegas de turma em um curso técnico de enfermagem, mas o acusado nutria interesse romântico não correspondido pela vítima. Os investigadores também confirmaram que a faca usada pelo acusado no assassinato foi comprada em uma loja do Plaza Shopping, momentos antes do crime.
No dia do crime, Matheus teria seguido a vítima até a praça de alimentação do local e sentado na mesma mesa que ela. Enquanto os dois conversavam, ele retira a faca da mochila e começa a golpear Vitorya, impedindo que ela se defenda. A cena foi registrada por câmeras de segurança do shopping.
O acusado só parou de esfaquear a vítima no momento em que uma testemunha o conteve e imobilizou até a chegada dos seguranças do shopping e da polícia.