Itália prende número 1 da Cosa Nostra, mafioso foragido havia 30 anos
A polícia da Itália prendeu nesta segunda (16) Matteo Messina Denaro, 60, número 1 da Cosa Nostra, organização criminosa centenária, e mafioso mais procurado do país. Ele estava foragido havia três décadas e foi detido em um hospital da Sicília, em Palermo.
O chefe da máfia foi condenado à prisão perpétua pelos assassinatos de dois promotores italianos, Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, em 1992 e pela participação em ataques a bomba em Florença, Roma e Milão, episódios que culminaram em dez mortes, no ano seguinte.
A polícia afirmou que Denaro, mesmo foragido, ainda emitia comandos para as ações da máfia na área ao redor da cidade de Trapani, um reduto sob seu controle. Ele é acusado por promotores de ser responsável por vários outros assassinatos na década de 1990 no país.
Em 1993, ajudou a organizar o sequestro de um menino de 12 anos, Giuseppe Di Matteo, para dissuadir o pai do garoto, um informante da polícia, de depor contra a máfia, segundo a Promotoria. Matteo foi mantido em cativeiro por dois anos antes de ser estrangulado; seu corpo foi depois dissolvido com ácido.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, disse que a prisão do mafioso é uma prova de que o Estado não desiste da luta contra a máfia. “A prevenção e o combate à criminalidade continuarão uma prioridade absoluta deste governo”, escreveu ela no Twitter.
Já o presidente do país, Sergio Mattarella, parabenizou os Carabinieri, força de segurança, segundo um comunicado do Palácio do Quirinal. Seu irmão Piersanti Mattarella, assassinado em 1980 quando liderava o governo regional da Sicília, foi uma das vítimas da máfia.
Matteo Piantedosi, ministro do Interior italiano, disse que a prisão é um feito histórico e que este dia é uma marca para a luta contra a máfia. Ele falava de Ancara, onde está para se encontrar com seu homólogo turco.
O chefe da Cosa Nostra foi detido no hospital La Maddalena, de acordo com informações das forças de segurança. Ele ia com frequência ao local para consultas, segundo a agência de notícias italiana Ansa, e especula-se que tratava um câncer.
A polícia transferiu agentes para o prédio durante a noite, para proteger os demais pacientes caso houvesse resistência. Imagens nas redes sociais mostram moradores aplaudindo e apertando as mãos de policiais enquanto Denaro era transportado do local em uma van.
Ainda de acordo com a Ansa, Denaro usava o nome falso de Andrea Bonafede. Ele foi levado inicialmente para o quartel de San Lorenzo e, depois, para o Aeroporto Palermo Boccadifalco, de onde será transportado para uma prisão de segurança máxima.
O mafioso estava foragido desde 1993, e a polícia por vezes chegou perto de prendê-lo quando monitorava pessoas próximas a ele. Em 2013, sua irmã, Patrizia, e alguns de seus associados foram detidos. Ele também teve parte de seu esquema financeiro desmontado.
As forças de segurança, porém, nem sequer tinham uma foto atualizada de Denaro, e tiveram de contar com programas avançados de imagem para projetar como estaria sua aparência atualmente.
A prisão, em uma coincidência histórica, ocorre 30 anos e um dia após a captura, em janeiro de 1993, de Salvatore “Toto” Riina, o mais poderoso chefe da máfia siciliana do século 20, em um apartamento de Palermo. Assim como Denaro, ele estava havia décadas foragido. Após a prisão de Riina, que morreu em 2017 de causas naturais, Denaro se escondeu, e a Itália endureceu a repressão ao crime siciliano.