Governo da Índia retira de livro escolar motivação do assassino de Mahatma Gandhi
Durante anos, os livros didáticos do ensino médio chancelados pelo governo na Índia incluíram alguns detalhes reveladores sobre o assassino de Mahatma Gandhi, o líder pacifista indiano que se opôs ao Império Britânico: o homem trabalhava para um jornal extremista hindu e denunciou Gandhi como “um apaziguador dos muçulmanos”. Após a independência da Índia, hindus e muçulmanos entraram em violentos choques no país.
Uma versão revisada do livro de história da Classe 12, cujas cópias impressas foram disponibilizadas este ano, não diz mais isso. Ele identifica Nathuram Godse como o assassino de Gandhi, mas não fornece nenhuma informação sobre ele ou seu motivo. Também foram excluídas referências mais amplas aos radicais hindus que se opuseram à visão de Gandhi de pluralismo religioso para a Índia recém-independente há 75 anos.
As edições estão entre as mudanças recentes do governo do primeiro-ministro Narendra Modi no que os alunos aprendem sobre o passado do país, atualmente o mais populoso do mundo. Membros de seu partido político – que está ligado a um movimento de décadas para transformar a Índia em uma nação predominantemente hindu – há muito criticam o currículo escolar como desequilibrado e tendencioso contra os hindus.
Os políticos afirmam que a reforma é para incutir orgulho nos jovens indianos, e particularmente na maioria hindu do país, acerca da sua história e da sua herança.
Por trás de suas queixas está um debate ideológico mais amplo. Os partidários de Modi acusam as forças liberais de esquerda que moldaram a Índia após a independência em 1947 de representar valores ocidentalizados e de favorecer os muçulmanos, a maior minoria da Índia. Para eles, a ascensão de Modi simboliza o renascimento hindu.
Críticos acusam Modi e seu partido Bharatiya Janata de promover uma ideologia nacionalista hindu divisiva que ameaça as fundações seculares da Índia.
Tushar Gandhi, bisneto de Gandhi, denuncia que a atual ascensão do nacionalismo hindu ofende o legado pacifista de seu bisavô.
“Essa filosofia tomou a Índia e o coração dos indianos como reféns. Trata-se da ideologia do ódio, da polarização e da divisão”, explicou o escritor e ativista.