Festa no Maracanã, confrontos nas ruas: clássico expõe os dois lados da rivalidade Vasco x Flamengo

Um jogo como Flamengo e Vasco é capaz de despertar o melhor e o pior das pessoas. Ontem, o estádio viveu noite mágica, com direito a recorde de público, duelo de apoio entre as torcidas, uma atmosfera como há muito não era vista no Clássico dos Milhões. Mas do lado de fora, a guerra entre torcedores rivais deixou dezenas de feridos, alguns com gravidade.

O combustível para os dois extremos foi a perspectiva de retomada do Vasco com a criação da SAF e os investimentos que têm sido feitos no elenco profissional. Na esperança de jogos menos desiguais entre os dois adversários históricos, rubro-negros e vascaínos saíram de casa prontos para uma verdadeira batalha.

De um lado, aqueles que entendem o sentido figurado da palavra. Torcedores dos dois times lotaram o Maracanã e alcançaram o quarto maior público em partidas entre clubes no estádio desde a sua última reforma, em 2013. Foi o maior número de torcedores de Flamengo e Vasco no Maracanã no período, que coincide com a decadência técnica do cruz-maltino frente ao rival da Gávea: 64.727 pagantes, 69.020 presentes.

Rubro-negros em número um pouco maior, mas que encontraram um adversário nas arquibancadas disposto a igualar no barulho. Quase duas horas de disputa, que começou bem antes de a bola rolar. Torcedores do Flamengo provocando os vascaínos, cantando que o time da Colina vai voltar a jogar a segunda divisão. Cruz-maltinos devolvendo a provocação, dizendo que os flamenguistas não têm estádio, ou que o Maracanã é deles — os dois clubes travam disputa declarada pela gestão do estádio, palco de duas finais de Copa do Mundo e fundamental os planos de ambos.

No fim, vascaínos levaram a melhor, esticaram o período nas arquibancadas, festejando com os jogadores, comemorando entre si. Um extravaso acumulado de anos, enquanto, do outro lado, os rubro-negros deixaram o Maracanã cabisbaixos, lidando com uma segunda decepção seguida no estádio. Depois da perda da Recopa Sul-Americana, no meio de semana, a derrota para o Vasco pouco depois. É um amargor que definitivamente não faz parte da rotina recente do Flamengo.



Vergonha nas ruas

O mesmo clássico que escreve tantas histórias de alegrias e decepções no futebol é estopim para conflitos entre torcedores. Ontem, eles ocorreram em diversos pontos da Região Metropolitana. Os focos maiores foram nos arredores do estádio. Nas ruas do Maracanã e de São Cristóvão, além das estações de trem e metrô mais próximas ao estádio, diversas brigas eclodiram, com muita violência.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, duas pessoas, vítimas de espancamento, foram encaminhadas para o Hospital Souza Aguiar. A direção do hospital informou que no total oito pessoas deram entrada na unidade, duas em estado grave e outras seis sem maior urgência.

Equipes do Batalhão Especializado de Policiamento em Estádios (Bepe) apreenderam diversos materiais, como soco-inglês, pedaços de madeira e até artefato explosivo, em busca próxima ao viaduto de Madureira.

A Polícia Militar informou que um torcedor foi preso e encaminhado para a 17ª DP, em São Cristóvão. Agentes da UPP da Mangueira foram chamados para conter uma “intensa briga” na Avenida Pedro II. Moradores de apartamentos próximos ao Maracanã registraram parte de uma confusão pela janela, em que é possível ver uma grande correria e ouvir barulhos de tiro no confronto.

Outras imagens que circulam nas redes sociais mostram com mais detalhes as brigas, com torcedores gravemente feridos aparecendo nas imagens. Um jornalista afirmou no twitter que na estação de São Cristóvão, onde houve relatos de brigas entre torcedores, parecia uma “cena de guerra”.

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