10 de setembro de 2025
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Feira de São Cristóvão, patrimônio imaterial do Rio, comemora 80 anos

Centro de Tradições Nordestinas foi declarado de interesse histórico, turístico e cultural

O povo arretado do Nordeste faz parte da história do Rio e fincou pé na Zona Norte, onde construiu um centro de lazer e gastronomia que virou um atrativo obrigatório para cariocas e turistas: por isso, não faltam motivos para celebrar a famosa Feira de Tradições Nordestinas, popularmente conhecida como Feira de São Cristóvão, que completou 80 anos no dia 2 de setembro. Inicialmente ponto de encontro de pessoas que deixaram o Nordeste para viver no Rio, tornou-se também um ponto turístico e cultural. A Câmara do Rio reconheceu a importância da Feira e a declarou patrimônio imaterial da cidade em 2021, por meio da  Lei 7.069/2021. O Pavilhão de São Cristóvão, que abriga a feira desde 2003, também foi tombado pelo seu interesse histórico, turístico e cultural, o que impede sua descaracterização.

A Região Nordeste é composta por nove estados (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia) que estão representados na feira principalmente por suas comidas, músicas e hábitos nos mais de 700 espaços com atrações culturais, gastronômicas e artesanais que ocupam os 37 mil metros quadrados do pavilhão.

De 1945, quando foi criada, até 2003, a feira reunia suas barracas no entorno do Pavilhão de São Cristóvão. Registros históricos dão conta de que era um ponto de chegada de viajantes que vinham do Nordeste e onde, aos domingos, eram montadas barracas. Em seguida, passaram a funcionar nos fins de semana. A fase atual foi iniciada quando as barracas passaram ao interior do pavilhão – a Feira ganhou o nome de Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas e passou a funcionar de terça a quinta, das 10h às 18h; sextas e sábados, de 10h às 4h; e domingos das 10h às 20h. A feira não abre às segundas.

“Minha rotina é pesada, mas prazerosa porque a gente se sente em casa”, conta Vando Guarabira, que trabalha na feira há 30 anos. “Cheguei em uma semana e na semana seguinte comecei aqui. Sou muito grato a Deus, depois à feira. Se pudesse dar um presente de aniversário pelos seus 80 anos, cuidaria dela e a deixaria com uma cara que chamasse muita atenção. Daria um brilho todo especial para que as pessoas a vissem de longe”, disse Vando.

As praças da atual feira homenageiam nordestinos famosos como João do Vale, Jackson do Pandeiro, Catolé do Rocha, Padre Cícero, Frei Damião, Mestre Vitalino, Câmara Cascudo e Pinto Moreira. Na entrada principal do Centro de Tradições Nordestinas há ainda uma estátua de tamanho natural do rei do baião, Luiz Gonzaga. No fim de semana, grupos de forró se apresentam nos dois palcos principais do lugar, João do Vale e Jackson do Pandeiro. Repentistas e cordelistas fazem apresentações na Praça Catolé do Rocha, a praça dos repentistas.

A comerciante Francisca Alda Hortência Dias trabalha no local há mais de 40 anos. Conhecida como Chiquita, ela já atuava antes de a feira passar para o lado de dentro do Pavilhão de São Cristóvão.

“Sou do sertão do Ceará, cheguei no Rio com 16 anos e comecei a empreender ainda do lado de fora (do pavilhão). Fiquei 24 anos assim, nas barracas cobertas com plástico, e estamos do lado de dentro há 22 anos. Eu trouxe na bagagem a cultura nordestina e contribuo com a Cidade Maravilhosa. Somos o que somos pelo acolhimento do carioca”, explica Chiquita, que tem um restaurante na Feira e outro em Copacabana. Em ambos, conta com trios tocando forró pé-de-serra e obras de artistas nordestinos como Espedito Seleiro e J. Borges.

Segundo a administração do Centro de Tradições Nordestinas, cerca de 414 mil pessoas frequentam o espaço por mês. É nos fins de semana que a feira recebe o seu pico de público. Cerca de 12 mil pessoas vão até lá nas sextas-feiras, outras 30 mil aos sábados e 45 mil visitam o lugar aos domingos para curtir boa comida, forró e os infalíveis karaokês.

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