Exposição propõe passeio pela história do celular nos 50 anos de criação do primeiro modelo

Informação e curiosidades sobre a história do aparelho, além de debate sobre riscos de seu uso, marcam a mostra Celular 50, que entra em cartaz no Museu do Amanhã

Em 1973, o criador do celular, o engenheiro americano Martin Cooper, fez a primeira ligação de um telefone móvel. Então funcionário da Motorola, contatou seu concorrente na empresa AT&T para anunciar a boa nova: havia desenvolvido um aparelho que dispensava fios e a necessidade de estar em um ponto fixo para fazer ligações. Em 50 anos, do equipamento inicial aos smartphones, uma série de transformações, em todos os campos da sociedade, se tornaram possíveis e seguem em andamento. É o que mostra a exposição Celular 50, que entra em cartaz nesta terça-feira, no Museu do Amanhã.

“O que mais me marcou na pesquisa foi perceber que o smartphone se tornou uma ferramenta que absorveu uma série de elementos que fazem parte da nossa vida, como a calculadora, o relógio, o calendário e a câmera fotográfica e de vídeo. E também atividades como ir ao banco e pegar um táxi, por exemplo”, diz Miguel Colker, idealizador e curador da exposição.

Daí a analogia com o abismo que, no espaço cósmico, atrai tudo que está ao redor: o buraco negro, que dá nome ao primeiro espaço da exposição. Nele, o visitante é conduzido por entre painéis de LED que formam curvas sinuosas e mostram esses elementos se transformando em aplicativos. Se o celular os absorveu, também se tornou fonte para a criação de novas empresas, com as de transporte por aplicativo, streamings de música e serviços de comunicação como o WhatsApp, que foi comprado em 2014 pelo Facebook por 16 bilhões de dólares.

“Hoje o celular impulsiona a criação de novos negócios em praticamente todas as áreas”, destaca Miguel.

Tudo começa no modelo DynaTAC 8000X, enviado pelo próprio Martin Cooper dos Estados Unidos para fazer parte da exposição. Durante a pesquisa de curadoria para a mostra, Miguel mandou e-mail para a empresa do engenheiro, a Dyna LLC, que o colocou em contato com Cooper. Foram três conversas em chamadas por vídeo – recurso que, aliás, é um dos mais utilizados nas ligações de hoje.

Além do modelo inicial, há diversos outros que podem ser conferidos pelo público na exposição, como o PT550 da Motorola, o chamado ‘tijolão’, o primeiro a ser utilizado no Brasil com a inauguração na cidade do Rio, em 1989, do primeiro sistema de telefonia celular do país. O público pode conferir, ainda, os modelos da segunda geração, como Nokia 2272 – aquele do antigo ‘jogo da cobrinha’, que poderá ser relembrado pelo visitante em totens interativos.

A mostra conta também com os predecessores do celular: um telégrafo e um walkie talkie dos anos 1930 e uma pager da década de 1950: “A seleção do material foi feita através de diversas pesquisas, leitura de livros, entrevistas com especialistas e garimpo de acervos. Foi todo um processo de um ano de busca de compreensão da história do celular e de entrevistar especialistas para entender também como eles enxergam o futuro do celular”.

Debate sobre o uso nocivo do celular

Ao lado de curiosidades sobre a história do aparelho e sua evolução ao longo do tempo, a exposição traz dados que mostram a dimensão de sua penetração na sociedade contemporânea. Segundo a ONU, 75% da população mundial com mais de 10 anos teve um celular em 2022. Já em 2028, de acordo com o relatório Ericsson Mobility Report, serão mais de oito bilhões de celulares no mundo, quase o mesmo número da população global:

“O celular vai continuar cada vez mais atravessando as questões fundamentais da sociedade, como cultura, saúde, educação, diversidade, democracia. E, naturalmente por conta disso, a gente precisa aprofundar o debate sobre o uso dele para promovermos as melhores práticas de como vamos utilizar essa ferramenta, que pode trazer tanto coisas muito boas para nós quanto complicações”.

O debate sobre os possíveis malefícios aparece em dois espaços da exposição, a sala Excesso, que apresenta dados e discute os problemas relacionados à dependência das pessoas do aparelho, e Labirinto de Possibilidades, que relaciona pós e contras do celular nos diferentes campos da sociedade, em entrevistas com personalidades como o jornalista Fernando Gabeira, o historiador Leandro Karnal, a bailarina e coreógrafa Deborah Colker e o ex-catador de lixo e empreendedor Tião Santos, personagem do documentário ‘Lixo Extraordinário’, de Vik Muniz.

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