Ex-mulher de autor do atentado contra STF morre após duas semanas internada
Daiane Dias, ex-esposa do autor das explosões em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro, morreu na madrugada desta terça-feira (3), em Lages, Santa Catarina. Ela estava internada desde o dia 17 do mês passado, quando ateou fogo na casa de Francisco Wanderley Luiz, conhecido como “Tiü França”.
A residência de 50 metros quadrados, que fica em Rio do Sul, foi parcialmente tomada pelas chamas. De acordo com o Batalhão, foram necessários oito mil litros de água para conter o incêndio.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Bruno Reis, Daiane adquiriu produto inflamável em um estabelecimento comercial da cidade e em seguida se deslocou até a residência. Ela teria ateado fogo em si mesma e no imóvel.
A mulher, de 49 anos, sofreu queimaduras de 1º, 2º e 3º graus. A morte foi confirmada pela Secretaria de Saúde de Santa Catarina. Daiane estava internada no Hospital Tereza Ramos, em Lages, unidade referência para atendimento de queimados.
“A direção do Hospital Geral Tereza Ramos, de Lages, informa que a paciente faleceu na madrugada desta terça-feira, 3 de novembro, devido a complicações no seu quadro de saúde. Prontamente, o óbito foi comunicado à família e acionada a Polícia Científica de Santa Catarina”.
Havia a expectativa de que Daiane prestasse depoimento sobre as explosões causadas por seu ex-marido em frente ao STF quando saísse da unidade hospitalar.
Durante a perícia na residência, a Polícia Científica apreendeu uma jaqueta que era, em tese, a utilizada pela mulher e que aparentava conter material inflamável. Também foram coletados outros materiais de interesse pericial, para apurar o que ocasionou o incêndio. O laudo deverá ser divulgado em alguns dias, com prazo máximo de 30 dias.
“Obtivemos mais evidências de que ela agiu totalmente sozinha e ateou fogo na residência e permaneceu lá dentro no intuito, ao que tudo indica, de tirar sua própria vida”, declarou o delegado Juliano Bridi após o incêndio.
Explosões no STF
O autor do atentado é Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiü França. O homem tentou entrar na sede da Corte, mas foi impedido por seguranças. Em seguida, lançou artefatos contra o edifício do STF. Ele morreu após a explosão de uma das bombas.
No dia do atentado, o homem tentou acessar o Supremo com explosivos e, momentos antes, entrou na Câmara dos Deputados, acessando o Anexo IV e um banheiro da Casa.
Horas antes de morrer, Francisco Wanderley Luiz fez publicações nas redes sociais que indicavam pretensões terroristas, além de criticar os chefes dos Três Poderes.
Em depoimento à Polícia Federal (PF) na manhã seguinte ao atentado do ex-companheiro, Daiane revelou que o plano de Francisco Wanderley Luiz era assassinar o ministro do STF Alexandre de Moraes. Em entrevista à “GloboNews”, Daiane confirmou que disse aos agentes da PF ter visto seu ex-companheiro realizando pesquisas na internet para planejar o atentado, tentando dissuadi-lo do plano.
Em 2020, Francisco Luiz foi candidato pelo PL a vereador de Rio do Sul, cidade no oeste catarinense. Recebeu 98 votos e não foi eleito. O partido repudiou o ocorrido.
Explosivos
Artefatos explosivos foram encontrados na casa onde Francisco estava hospedado, há quatro meses, em Ceilândia, região administrativa a cerca de 30 quilômetros do centro de Brasília, e em um carro no estacionamento próximo de um prédio anexo da Câmara dos Deputados. A PF investiga as explosões como ato terrorista e apura se o chaveiro agiu sozinho ou recebeu algum tipo de apoio.
Em entrevista à TV Brasil, um de seus irmãos disse que ele estava obcecado por política nos últimos anos, participou de acampamentos em rodovias contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e estava com comportamento irreconhecível.
Moraes foi escolhido por Barroso para ser o relator do inquérito que vai apurar as explosões. A escolha foi feita com base na regra de prevenção, pois Moraes já atua no comando das investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.