Dois dos quatro PMs presos suspeitos de estupro em Saquarema foram reprovados em etapa de concurso para corporação
Dois dos quatro policiais suspeitos de envolvimento em um episódio que acabou com o estupro de uma jovem de 18 anos, ocorrido quando os militares estavam em serviço de patrulhamento, no dia 26, em Saquarema, na Região dos Lagos, foram reprovados em um dos exames do concurso público de soldado da Polícia Militar do Rio de Janeiro. A dupla ingressou na tropa após conseguir decisões judiciais favoráveis contra as reprovações.
Um dos beneficiados é o atual cabo da PM Alexsander Moreira de Simas. Ele chegou a ser reprovado no exame de investigação social por ter respondido pelo crime de uso de drogas. Mas conseguiu ingressar na tropa após entrar, em 2008, com recurso no Tribunal de Justiça do Rio contra o ato que o excluiu. A decisão foi expedida porque ele foi absolvido da acusação e não havia qualquer outra sentença condenatória definitiva contra o então candidato.
Já Sanclair Marinho Antunes Corecha conseguiu uma liminar autorizando seu ingresso na PM. Durante a fase de investigação social no concurso, ele foi eliminado, pois tinha sido acusado, aos 17 anos, de dirigir uma moto sem habilitação. Na época, segundo os autos do Tribunal de Justiça do Rio, ele bateu contra um veículo. Ele chegou a ser afastado da PM pela Justiça, que, em primeira instância, o sentenciou a deixar a corporação. Sanclair permanece na tropa recorrendo na Justiça.
Além da dupla, estão presos preventivamente, por ordem da Justiça Militar, os PMs Diogo Viana Lourenço e Gerson Jucá Rolim de Paula. Este último é o suspeito de cometer o ato sexual, segundo o registro de ocorrência feito pela jovem, na 118ª DP (Araruama). Os outros três vão responder por omissão, por, supostamente, nada terem feito para impedir o abuso.
A vítima informou, no registro de ocorrência, que foi ameaçada com uma faca por um agente. O crime aconteceu no distrito de Bacaxá. O cabo Gerson Jucá Rolim de Paula, suspeito de cometer o ato, estava na viatura acompanhado de Simas. Os outros dois PMs estavam em um segundo carro, que acompanhou o veículo onde estavam Jucá e Simas, que transportaram a vítima e uma amiga dela até um local deserto.
As duas haviam sido retiradas de um bar pelos PMs para serem levadas até uma delegacia. Elas teriam ficado por três horas sob poder dos PMs. Ao pedir para ir ao banheiro, uma delas foi seguida pelo cabo Gerson. Ela contou que foi estuprada por 20 minutos, além de ter sido xingada, algemada e ameaçada de morte pelo cabo, de acordo com informações da RJ TV.
No registro de ocorrência, a vítima relatou que o agressor não usou preservativo. E que ouviu de outro policial que “ele não perde essa mania”, deixando a entender que o PM tem essa conduta rotineiramente. A jovem ainda afirmou que viu o policial que a estuprou usando cocaína dentro da viatura da PM.
Ainda segundo o RJ TV, os quatro PMs já foram ouvidos pela Corregedoria. Principal suspeito, o cabo Gerson Jucá de Paula preferir exercer o direito de ficar calado. Alexsander Moreira de Simas confirmou a abordagem e disse que as mulheres foram levadas ao terreno baldio para indicar onde haveriam drogas escondidas. Ele disse, entre outras coisas, que não percebeu nenhuma conduta suspeita do cabo.
Diogo Viana Lourenço disse não ter visto se o cabo Gérson de Paula ficou sozinho com uma das mulheres porque estava vasculhando o terreno a procura de drogas. Já o cabo Sanclair disse que as mulheres foram levadas de volta para o bar em sua viatura. E que, no caminho, nada comentaram sobre o estupro.
Ao RJ TV, a defesa de Sanclair Marinho disse que ele estava em outra viatura e que não viu se o colega cometeu o estupro e que não está envolvido no caso.
A defesa de Alexsander Moreira alegou que ele foi inocentado pela própria vítima e que está à disposição da Justiça. Já a defesa de Diogo Viana Lourenço informou ao RJ TV que a prisão é prematura e desnecessária, e que tem certeza que conseguirá comprovar a inocência do PM. O último suspeito não teve a defesa localizada.
De acordo com o advogado Thiago Camarinha, que acompanha os interesses da vítima, a jovem deverá prestar depoimento na 124ªDP (Saquarema) nesta quinta-feira. Será a primeira fez que ela será ouvida, já que anteriormente apenas havia narrado o estupro em um registro de ocorrência, feito na 118ªDP (Araruama). Segundo advogado, ela também deverá prestar esclarecimento, nos próximos dias, na Corregedoria da Polícia Militar.
Os quatro policiais militares, suspeitos de envolvimento no caso, tiveram as prisões preventivas decretadas pela Justiça Militar. Eles foram presos, nesta segunda-feira, por agentes da corregedoria da Polícia Militar. O órgão foi informado do estupro, na última sexta-feira, após registro feito pela vítima na 118ª DP, e investiga o caso através da 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar.