Corpo de vítima de desabamento é resgatado pelos bombeiros depois de 40 horas de buscas, em São Gonçalo

Após mais de 40 horas de buscas, o Corpo de Bombeiros localizou na tarde desta quarta-feira um corpo que seria de Rosilene Pereira Santiago, de 34 anos, soterrada nos escombros após deslizamento de um morro no bairro Engenho Pequeno, em São Gonçalo. A filha dela, Maitê Santiago Pereira, de 4 anos, e o marido Alan Santiago Cabral, de 45, continuam desaparecidos.

A família estava em casa quando um barranco de lama desabou sobre a casa deles na última segunda-feira. Após a tragédia, a Defesa Civil interditou todas as residências localizadas na Rua Adelino Ferreira Brasil. Essa é a segunda morte registrada no município. O temporal que atingiu diversos bairros de São Gonçalo, deixou uma mulher morta na Rua Felix da Silva, no mesmo bairro, e mais de 235 moradores desalojados.

Nesta terça-feira, o município de São Gonçalo voltou a sofrer com fortes chuvas. Imagens compartilhadas por moradores nas redes sociais mostravam trechos de ruas alagadas. Cerca de 60 militares, com apoio de cães farejadores e drones, atuam na região.

Foto: Fabiano Rocha / Fabiano Rocha

No entanto, a tragédia de segunda-feira está longe de chegar ao fim. Parentes e familiares de Alan Santiago Cabral, de 45 anos, Rosilene Pereira Santiago, de 34, e Maitê Santiago Pereira, de 4 anos, aguardam por qualquer informação que ajude as equipes de buscas.

Rosilene e Alan eram casados há 11 anos. Segundo a irma de Alan, Janaina Santiago, faziam três meses que o casal voltou a morar em São Gonçalo após passar um período em Portugal. A angústia de não ter informações do paradeiro deles, misturada com a esperança de que o irmão, a cunhada e a sobrinha ainda sejam encontrados com vida, aumenta a dor dos familiares em mais um dia de buscas.

— Está muito complicado e difícil. Minha mãe tem 83 anos e está passando mal. A casa dela foi condenada porque caiu um pedaço. Meu irmão morava atrás da casa da minha mãe. Eu estava trabalhando quando tudo aconteceu. Minha sobrinha me ligou dizendo que a casa tinha caído. Eu fiquei pedindo Uber, mas ninguém estava aceitando corrida porque estava tudo alagado. Eu passei a noite aqui — afirmou Janaina dando informações de como andam as buscas:

— Eles (os bombeiros) falaram que escutaram batidas nos escombros. Eu peço a Deus que eles saiam com vida. Se eu pudesse estar lá metendo a mão nos entulhos. Eu estou dormindo a base de remédio. Minha mãe está arrasada. Ela e a Maitê eram muito próximas — desabafou.

O Corpo de Bombeiros já localizou a carteira pessoal e de trabalho do Alan. Além disso, três celulares que pertencem às vítimas também foram encontrados. A descoberta aumenta a suspeita de que a família estaria em casa no momento da tragédia. Uma retroescavadeira também está sendo usada para perfurar uma laje onde foram ouvidos as batidas.

Parentes e vizinhos acompanham o trabalho de buscas aguardando mais informações.

Moradores antigos

Segundo vizinhos, a família, que mora no bairro há mais de 30 anos, era conhecida por todos pela simpatia e simplicidade. A diretora da Escola Suzane Izahias, que fica a poucas ruas de onde o deslizamento ocorreu, relatou que Rosilene Pereira estava animada com o ano letivo da filha. No início de fevereiro, ela matriculou a pequena Maitê na creche. Era a primeira vez que a criança frequentava uma unidade escolar.

— Maitê era uma criança muito feliz. Animada e muito carinhosa. A mãe dela estava radiante porque conseguiu matricular a menina na creche. Era para ser um ano mágico e divertido. Eu vim aqui ajudar a família assim que fiquei sabendo do desabamento. É muito triste. Não consigo imaginar que algo assim iria acontecer com ela, uma menina tão feliz — relatou Elza Irani.

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