Corpo de Aderbal Freire-Filho é velado no Teatro Poeira: ‘Pancada para o teatro’, diz Chico Buarque
O diretor teatral, ator e apresentador de TV Aderbal Freire-Filho está sendo velado nesta quinta-feira (10) no Teatro Poeira, em Botafogo, na Zona Sul do Rio.
Ele morreu na quarta-feira (10) no Hospital Copa Star, onde estava internado para tratar complicações de saúde oriundas de um AVC.
Na chegada, o músico e amigo Chico Buarque comentou sobre a perda.
“Era da maior importância para o teatro brasileiro. É muita pancada para o teatro, sabe. Zé Celso [Martinez] lá atrás, agora há pouco a Aracy [Balabanian], agora Aderbal… Tá dureza!”, disse o artista, antes de entrar para dar apoio à sua ex-mulher, a atriz Marieta Severo, que era casada com o Aderbal.
Aderbal Freire-Filho morre no Rio
O Teatro Poeira é de propriedade de Marieta Severo e da também atriz Andrea Beltrão, e já teve curadoria do diretor.
“É difícil, mas é lindo. Temos que celebrar uma vida tão criativa, né, tão combativa. Um caminho de luz, ele ensinou muito para todo mundo. Tinha uma visão muito otimista da cultura e da sociedade brasileira. Ele iluminou o caminho de muito intérpretes, muitos atores, era conhecedor como poucos do ofício, desse representante dos semelhantes, era muito preocupado com a representação do homem brasileiro. Então, há de se celebrar, a sua linda vida”, disse o ator Enrique Diaz.
O velório será até as 14h e, após esse momento, o corpo segue para o Memorial do Carmo, no Caju, onde será cremado em cerimônia restrita à família.
Aderbal Freire-Filho tinha 82 anos e estava internado no Hospital Copa Star. Ele sofria complicações no estado de saúde desde 2020, quando sofreu um AVC hemorrágico.
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Marieta Severo e Aderbal Freire-Filho — Foto: ANDRÉ DURÃO/ESTADÃO
Artista ousado
Desde o início dos anos 2000, ele era casado com a atriz Marieta Severo, com quem teve várias parcerias profissionais de sucesso.
Era conhecido pela ousadia nas montagens — e também por defender a integração do teatro brasileiro com o de outros países sulamericanos.
Nascido em Fortaleza, Aderbal se formou em Direito, mas, desde os anos 1950, fazia parte de grupos de teatro. Sua primeira direção é “O Cordão Umbilical”, de Mario Prata, em 1972. Um ano depois, dirigia um de seus grandes sucessos: o monólogo “Apareceu a Margarida”, de Roberto Athayde, estrelada por Marília Pêra.
Aderbal também criou o Centro de Demolição e Construção do Espetáculo (1989-2003) e foi membro do Conselho Diretor do Festival Ibero-americano de Teatro, de Cádiz, Espanha. Coordenou a comissão que criou o curso de direção teatral da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Entre as peças que escreveu, estão “Lampião, rei diabo do Brasil” (1991), “No verão de 1996” (1996), “Xambudo” (1998), “Isabel” (2000) e “Depois do filme” (2011).
Na TV Globo, dirigiu “Tapas e Beijos” e atuou em “Dupla identidade”.
“Era um cara de teatro incrível, que te ajudava a parir uma cena, que tinha um conhecimento de palco, de personagem extratordinário. Estou aqui pensando muito na querida Marieta Severo, que encontrou nele um parceiro de palco, de vida, de profissão. Ele foi curador do Teatro Poeira, que é um teatro incrível que ela mantém com a minha irmã Andréa Beltrão”, diz a atriz Fernanda Torres.
“Então, não posso falar do quanto pessoas como Aderbal e os irmãos dele Domingos Oliveira, Paulo José, de quanto essas pessoas me influenciaram, me iluminaram e hoje estão juntas lá provavelmente bebendo e comemorando a vida deles todos”, acrescentou.
Aderbal Freire-Filho — Foto: Reprodução/g1
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Aderbal Freire Filho, em foto de 2016 — Foto: Reprodução/NBR
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Aderbal Freire-Filho — Foto: Reprodução/TV Globo