China usou balões para vigiar América Latina, Europa e Ásia, dizem EUA

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou nesta quarta-feira (8), que Washington avistou balões chineses sobrevoando dezenas de nações nos últimos anos e, por isso, compartilhou com 40 países informações sobre o que chamou de “programa mais amplo”.

“Nós estamos fazendo isso porque os Estados Unidos não são o único alvo desse programa mais amplo, que violou a soberania de países em cinco continentes”, afirmou o chefe da chancelaria americana. A China defende que o balão era usado para coletar sobretudo informações meteorológicas.

Em entrevista coletiva, o porta-voz do Pentágono, Patrick Ryder, disse que os artefatos foram avistados sobre a América Latina, no Sudeste e no Leste asiáticos e na Europa, o que, na verdade, totaliza três continentes.

Blinken também afirmou que os Estados Unidos estão adquirindo mais informações “quase de hora em hora” sobre o balão chinês de alta altitude derrubado no último sábado —cujos destroços foram recuperados pelos americanos—, e que elas serão compartilhadas com o Congresso e aliados externos.

A inteligência americana atribui o balão que sobrevoou o país a um programa de vigilância operado há anos por Pequim com origem na província de Hainan, ilha na costa sul da China.

De acordo com autoridades que falaram sob anonimato ao jornal The Washington Post, o projeto teria coletado informações militares em países e áreas estratégicas para Pequim, incluindo vizinhos e rivais regionais como Índia, Japão, Vietnã, Filipinas e Taiwan, território insular que a China considera uma província rebelde e tem sido alvo de tensão.

Em entrevista coletiva junto com Blinken, Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan (aliança militar ocidental), afirmou que o caso do balão confirmava padrões de comportamento da China e a necessidade de atenção à atividade de inteligência de Pequim.

Ainda segundo Stoltenberg, os chineses estão aumentando “substancialmente” sua força militar, incluindo armamento nuclear, sem transparência.

Nesta quarta, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reforçou que o incidente não afeta as relações com Pequim. “Eu converso com eles. Falei com Xi Jinping anteriormente, e nossos times dialogam entre si”, disse, ecoando mensagem em seu discurso do Estado da União, na terça (7), quando afirmou que buscava “competição, não conflito” com a potência rival.

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