Certificado com dados falsos de vacinação de Bolsonaro foi emitido de dentro do Planalto, aponta PF
A investigação da Polícia Federal que apura suspeita de fraude nos cartões de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro, familiares e ex-assessores identificou que documentos de imunização no aplicativo ConecteSUS foram emitidos a partir de endereços de IP do Palácio do Planalto. Os downloads foram feitos dias antes e na própria data da viagem de Bolsonaro a Orlando, na Flórida, para onde foi antes mesmo do fim de seu mandato.
De acordo com o relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), foram quatro emissões, três delas ainda em dezembro de 2022, nos dias 22, 27 e 30. O ex-presidente embarcou para os Estados Unidos no próprio dia 30, horas depois do acesso ao sistema.
“O endereço de IP: 170.246.252.101 utilizado para acessar o aplicativo ConecteSUS nas datas de 22 e 27 de dezembro de 2022, pertence à Presidência da República, cadastrado no Palácio do Planalto.”
O acesso do dia 30, data da viagem, foi feito por meio de um IP vinculado ao aparelho celular do tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro.
“Após a data de inserção dos dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, o usuário associado ao ex-Presidente JAIR BOLSONARO emitiu o certificado de vacinação contra a Covid-19, por meio do aplicativo ConecteSUS, nos seguintes dias: 22/12/2022 às 08h00min, 27/12/2022, às 14h19min, 30/12/2022, às 12h02min e 14/03/2023 às 08h15min”, aponta a PF.
Ainda segundo a investigação, a conta do ex-presidente no sistema de acesso ao ConecteSUS era controlada pelo tenente-coronel Mauro Cid, que era ajudante de ordens de Bolsonaro e foi preso pela PF nesta quarta-feira. O email usado para gerir a conta era o de Mauro Cid, segundo a PF — o cadastro ocorreu em dezembro de 2021, um ano antes das emissões dos certificados com os dados falsos.
Uma alteração cadastral ocorreu no fim do ano passado, com a mudança para um email associado a Marcelo Costa Camara, que estava lotado na Presidência e depois foi designado para assessorar Bolsonaro já no período fora da Presidência.