26 de setembro de 2025
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Câmara do Rio debate a violência doméstica contra mulheres e homenageia cidadã agredida pelo então namorado em Natal

Um rosto desfigurado por 61 socos. Esse foi o resultado de uma tentativa de feminicídio que chocou o Brasil em julho passado. A carioca Juliana Garcia dos Santos Soares, moradora da cidade de Natal (RN), sofreu ataques covardes, dentro do elevador, do então namorado, uma pessoa de quem esperava apenas parceria, cumplicidade, carinho e respeito. Ela sofreu múltiplas fraturas e passou por cirurgia de reconstrução facial. O agressor segue preso.

Para alertar sobre a violência que cresce no Brasil contra as mulheres, a vereadora Talita Galhardo (PSDB), em conjunto com a Comissão Permanente de Defesa da Mulher da Câmara do Rio, debateu o tema nesta quarta-feira (24/09) e homenageou a estudante Juliana com uma Moção de Aplausos do parlamento carioca.

Somente no Estado do Rio, até julho de 2025, entre os 42.152 casos de agressão registrados em unidades de saúde, 73,5% tiverem mulheres como vítima, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde. Foram registradas 53 mortes.

A vereadora Talita Galhardo afirmou que o objetivo do encontro foi estimular as cariocas e as mulheres brasileiras a denunciarem os casos de agressão e as tentativas de feminicídio. “Eu quero que as mulheres peguem o exemplo de sobrevivência da Juliana, trabalhem isso dentro de si e tenham força para saírem de relacionamentos abusivos”.

Para a presidente da Comissão de Defesa da Mulher da Câmara do Rio, vereadora Helena Vieira (PSD), o exemplo de Juliana vai salvar a vida de muitas mulheres: “No caso da Juliana, havia uma câmera no elevador do edifício. Em muitos casos não tem e ninguém quer ouvir. Nós precisamos de uma rede de apoio”.

A Comissão da Mulher trabalha com ações para proteger, acolher e sinalizar o que as mulheres podem fazer em casos de agressão. Entre elas, o colegiado preparou uma cartilha de orientação para mulheres em situação de violência doméstica, distribuída na cidade do Rio, com dados dos órgãos onde eles podem se direcionar para fazer as denúncias.

Segundo Juliana, ela sempre leu a respeito da violência contra a mulher, mas nunca imaginou que poderia passar pela mesma situação.  “Eu tenho acesso a informações, mas já tinha sofrido agressão psicológica, agressão moral. No entanto, existia a dependência emocional”, contou, emocionada.

No entanto, depois do episódio, Juliana resolveu se levantar e denunciar a tentativa de feminicídio.  “Aconteceu, está na minha história e vai ficar para sempre. No entanto, eu sou a vítima, mas não aceito a posição de coitada.  Eu disse que não ia ficar calada. Muitas mulheres dizem que se inspiraram em mim. Isso me deu força. Se fiz a diferença na vida de alguém,  acho que já estou deixando uma coisa boa”.

Juliana revelou que ficou feliz por ser convidada pela vereadora Talita Galhardo e ser recebida na Câmara do Rio: “É importante que as mulheres saibam que existe acolhimento da sociedade e que existem pessoas que se importam com as suas vidas. O poder público é a nossa voz. Somos nós que colocamos essas pessoas no poder, e nada mais justo do que termos representação e acolhimento por parte desse poder público”.

A vereadora Talita Galhardo acredita que o Rio de Janeiro pode ser referência na punição a casos de violência como o de Juliana.  “O Rio é referência em tudo no mundo. Então pode ser também referência ao dar voz às sobreviventes e não tolerar esse tipo de marginal na sociedade”, concluiu.

Além da participação de diversas mulheres que relataram casos de violência doméstica, também estiveram presentes ao encontro a delegada da Polícia Civil Tatiana Queiroz, que coordenou políticas públicas do Estado do Rio, impactando 2,8 milhões de pessoas e 14 Delegacias de Atendimento à Mulher do RJ, e policiais militares integrantes da Patrulha Maria da Penha.

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