Após terremotos na Turquia, pessoas foram torturadas pela polícia, revelam ONGs

Investigações feitas pelas ONGs Anistia Internacional e a Human Rights Watch (HRW) revelaram que, após o terremoto que devastou a Turquia e a Síria no início de fevereiro, diversas pessoas foram torturadas pelas autoridades turcas.

Um dos casos relatados é o de Ahmet Guresci que, após ter sido acusado de roubo, foi vítima da brutalidade das forças de segurança turcas. O homem de 27 anos foi preso cinco dias depois dos terremotos por “suspeitas de saques e outros crimes”, junto a seu irmão mais velho, Sabri.

“Até dez policiais [o agrediram] durante muito tempo, tiraram suas roupas, torceram seus testículos e tentaram violentá-lo analmente com cassetetes”, escreveram as organizações em um relatório publicado nesta quarta-feira (5).

Ahment acabou morrendo vítima dos espancamentos. De acordo com as ONGs, a necropsia do homem indicou uma lesão cerebral que pode ter causado sua morte e hematomas em seu corpo.

O boletim médico de Sabri também indicou violência. “Lesões e hematomas longos nos ombros, costas, nádegas e extremidades, além de um polegar quebrado, o que corresponde à versão de que foi espancado com cassetetes e chutado pelos policiais”, mostrou o documento.

De acordo com a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, três policiais foram e permanecerão suspensos durante as investigações.

As ONGs ainda documentaram 13 casos de violência das forças de segurança em que 34 vítimas, todos homens, foram espancados por policiais ou soldados no local dos terremotos. Até o momento, nenhuma outra morte foi relatada.

Os ministérios da Justiça e do Interior da Turquia afirmaram que possuem uma política de “tolerância zero sobre a tortura” e responderam que as conclusões das duas instituições são apenas “afirmações vagas sem qualquer fundamento”.

Emma Sinclair-Webb, diretora associada da Human Rights Watch e representante da ONG na Turquia, afirmou que estes 13 casos “são apenas a ponta do iceberg”.

“Temos que admitir que houve um desafio de segurança [para as autoridades], com roubos e saques”, disse. “Mas a polícia e [os militares] têm a responsabilidade de manter as pessoas seguras, o que não significa torturá-las ou espancá-las, mesmo que sejam suspeitas de roubo.”

Para elaborar o relatório, a Anistia Internacional e a HRW utilizaram documentos oficiais, como depoimentos, boletins médicos e registros em imagem.

Em um vídeo que circulou em nas redes sociais dias após os terremotos mostra um homem sendo agredido por de pessoas à paisana, policiais e soldados. A vítima, da cidade de Antioquia, fortemente atingida pelos tremores, estava socorrendo um amigo, que também foi agredido pelas forças de segurança.

Os dois homens conseguiram provar sua inocência e foram liberados, mas prestaram queixa sobre o incidente.

O estado de exceção, declarado por três meses nas áreas afetadas pelo terremoto, “não deve levar à anarquia e à impunidade, tortura e outros maus-tratos”, disse Esther Major, pesquisadora da Anistia Internacional.

 

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