Após 5 meses presos, Ronnie Lessa e irmãos Brazão se veem pela 1ª vez em audiência no STF

Presos há pouco mais de 5 meses, os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, além do delegado Rivaldo Barbosa ouvirão pela primeira vez, nesta tarde de terça-feira (27), o policial reformado Ronnie Lessa em audiência no Supremo Tribunal Federal (STF). A expectativa é que ele vá reafirmar contra o trio as acusações que ajudaram a levá-los para a cadeia.

Ronnie Lessa é assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes no crime ocorrido em 14 de março de 2018.

Em acordo de colaboração premiada, homologado pelo STF, Lessa apontou o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão, e o deputado federal Chiquinho Brazão como mandantes do crime. Segundo Ronnie Lessa, em sua delação, Rivaldo Barbosa sabia da execução da vereadora, o que garantiria impunidade na investigação.

Os advogados que cuidam das defesas dos três acusados dizem que os seus clientes não cometeram o crime e que irão provar isso nas audiências. A previsão é de que as defesas se manifestem a partir de quarta-feira (28).

Ronnie Lessa abre o 12º dia de audiência de instrução e julgamento do caso Marielle no STF. Nos outros 11 dias anteriores, 8 pessoas prestaram depoimentos, entre eles, três policiais federais; o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Curicica, além do secretário municipal de Ordem Pública do Rio, o delegado Brenno Carnevale.

Todos foram escolhidos pela acusação.

Nesta terça, Ronnie Lessa abre o dia respondendo a perguntas do promotor Olavo Pezzotti, representante da Procuradoria Geral da República.

A ideia do depoimento desta terça é reafirmar pontos falados por Lessa em sua delação e que a Polícia Federal considera corroborados. A seguir, alguns deles:

  • A contratação – Lessa diz que houve duas reuniões com os irmãos Brazão;
  • Macalé – Edmílson Oliveira da Silva, o Macalé, foi apontado pela CPI das Milícias como ligado aos irmãos, além de ser parceiro de Lessa. Foi morto em 2021;
  • A investigação _ Delegacia de Homicídios não apontou para os mandantes;
  • A nomeação – Delegado Giniton Lages foi nomeado horas depois à morte da vereadora para a Delegacia de Homicídios;
  • A clonagem – Cobalt usado no crime foi clonado por Maxwell Corrêa, o Suel;
  • Rota – O depoimento confirmou o caminho feito até o crime

A defesa pretende explorar pontos numa tentativa de derrubar o depoimento de Lessa à Justiça. Alguns dos pontos que serão debatidos pelos advogados:

  • O pagamento – Lessa conta que receberia dois terrenos no bairro do Tanque, em Jacarepaguá;
  • A arma – Lessa diz, em depoimento, que um miliciano cedeu a arma que depois foi devolvida na favela de Rio das Pedras
  • Rivaldo – Lessa diz que ouviu o nome de Rivaldo dito por Brazão;
  • O monitoramento – Lessa diz que o miliciano Laerte Silva de Lima foi infiltrado no PSOL e auxiliou o major Ronad Paulo Alves Pereira (outro réu no processo), a monitorar a vereadora
  • A contratação – A defesa afirma não afirma haver prova das reuniões entre Lessa e os irmãos Brazão.

Ronnie Lessa foi preso em março de 2019, um ano após o crime, pelo Ministério Público estadual do Rio e pela Polícia Civil. Desde então, está em um presídio federal. Por quatro anos se manteve em silêncio e negando a participação no crime.

Em 2023, após a entrada da Polícia Federal no caso, o motorista do Cobalt, o ex-policial Élcio de Queiroz fez uma colaboração premiada em que confessou a participação da dupla no crime.

Depois, a mulher de Lessa, Elaine contou que na noite em que Marielle foi morta, Ronnie Lessa permaneceu toda a madrugada fora. Até então, Ronnie Lessa dizia que havia passado aquela noite de 14 de março em casa. O seu aparelho celular permaneceu toda aquela noite desligado.

Outro ponto foi o acesso de Lessa a um site de pesquisas particular que atua oferecendo consulta a dados cadastrais da Serasa Experian, serviço criado para auxiliar comerciantes e financeiras na validação de dados de clientes. No site, Lessa fez pesquisas sobre Marielle e sobre sua filha, Luyara.

Após o depoimento de Lessa será a vez do outro réu colaborador, Élcio de Queiroz, motorista do Cobalt.

Após essa rodada, as defesas dos réus selecionarão testemunhas ou pedirão diligências ao STF.

Nesta segunda-feira (26), o policial militar Robson Calixto Fonseca, o Peixe, foi internado no Hospital da Polícia Militar. Ele tem uma úlcera que está gerando feridas na perna direita. A internação é por tempo indeterminado.

Peixe não assistirá o depoimento de Lessa. O juiz auxiliar Airton Vieira, que realiza as audiências no STF, recebeu a informação de que a ala onde Peixe está internado não possui acesso à internet.

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