Alegorias x Bateria: saiba os quesitos que mais e menos tiraram décimos das escolas do Rio

Após o fim da apuração na quarta-feira de cinzas, as escolas de samba tentam entender os motivos que as levaram perder pontos nos julgamentos. A justificativa individual só deve ser revelada pela Liesa nesta sexta-feira. Até lá, o mapa de notas revela quesitos os jurados mais penalizaram as escolas este ano: Alegorias e Enredo. Já a Bateria foi o setor melhor avaliado e apenas dois décimos foram descontados dos ritmistas. 

Cada um dos nove quesitos avaliados recebem notas de quatro jurados. A menor nota de cada quesito é descartada na somatória da classificação final, que em 2023 sagrou a Imperatriz campeã do carnaval. No entanto, para a análise de quais foram os maiores problemas das escolas, foram consideradas todas as notas. As avaliações são de no mínimo nove pontos e no máximo 10, e cada quesito pode chegar a 480 pontos caso todas as agremiações gabaritem.

Neste ano, carnavalescos apostaram no gigantismo das alegorias, mas que não resultaram necessariamente em pontos conquistaram. O quesito mais penalizado foi justamente as Alegorias e Adereços. Os jurados tiraram 6,1 pontos ao todo das 12 agremiações do Grupo Especial. A que mais perdeu décimos foi a rebaixada Império Serrano, penalizada em um ponto no quesito.

Diversas escolas sofreram para conseguir colocar os carros gigantes na avenida, entre elas Salgueiro — que levou a alegoria de maior comprimento da história — e Grande Rio, que chegou ter um acidente em que um carro imprensou pessoas no Setor 1. Os problemas gerados no atraso da entrada das alegorias não são avaliados pelos jurados do quesito e sim pelos de Evolução. Quando uma alegoria tem dificuldade para entrar ou seguir na Sapucaí gera dois problemas: buracos entre as alas onde o carro deveria estar e uma “paralisação” do andamento da escola para não aumentar o vazio. Na Evolução o Salgueiro e Grande Rio não receberam nenhum 10.

Os polêmicos 9,5

Durante a leitura das notas da apuração do carnaval do Rio de 2023, duas avaliações causaram polêmica. No quesito fantasia, Mocidade e Império Serrano receberam uma nota 9,5 de jurados diferentes. Uma avaliação tão baixa não ocorria no grupo Especial do Rio desde 2014, quando escolas receberam oito notas 9,5. No fim da apuração, o Império Serrano acabou rebaixado para a Série Ouro em 2024 e a Mocidade ficou em penúltimo, permanecendo no Grupo Especial por um ponto.

A nota baixa foi motivo de indignação dos membros das escolas nesta quarta-feira. A filha de Arlindo Cruz se revoltou com notas baixas para o Império Serrano, que homenageou seu pai. Durante a apuração, Flora Cruz saiu da mesa destinada aos integrantes da esola da Serrinha durante o quesito Comissão de Frente. De óculos escuros, ela, torcedora da escola que homenageou o seu pai, ficou indignada:

— Sem palavras. A gente fica muito triste. O Império recebeu um 9,5, nota que não se dá para escola nenhuma.

O que se julga em ‘Fantasias’

Foi de Regina Oliva a nota baixa ao Império Serrano. Já para a Mocidade, Wagner Louza de Oliveira foi o avaliador. Segundo o regulamento do carnaval carioca, toda penalidade deve ser justificada pelo jurado por escrito. A divulgação das avaliações deve ocorrer nesta sexta-feira.

Todos os jurados receberam o “Manual do Julgador”, produzido pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). No documento, há orientações sobre o julgamento e os critérios a serem adotados na avaliação. No caso das fantasias, a nota é dividida em duas: entre 4,5 a 5,0 para a concepção e de 4,5 a 5,0 pontos sobre a realização.

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São alvo de julgamento todas as fantasias da escola, menos as de componentes sobre os carros alegóricos, do casal de mestre-sala e porta-bandeira e as fantasias da comissão de frente.

Segundo o manual, ao julgar a concepção o avaliador deve analisar se os figurinos cumprem a “função de representar as diversas partes” do enredo e sua capacidade de serem criativas. Já dentro da avaliação da realização, deve-se atentar sobre a impressão causada pelas formas e pelo entrosamento; os acabamentos e os cuidados na confecção e a uniformidade de detalhes, dentro das mesmas alas, grupos e/ou conjuntos (igualdade de calçados, meias, shorts, biquínis, sutiãs, chapéus e outros complementos, quando ficar nítida esta proposta).

Já entre as penalidades, segundo o manual, deve-se descontar “a falta significativa de chapéus, calçados e outros complementos de Fantasias, quando ficar nítido que a proposta, originariamente, era com a presença desses elementos das indumentárias”.

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