13 de setembro de 2025
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Tecnologia vinda do espaço ajuda a preservar a água e o meio ambiente no Rio de Janeiro

Satélite que mapeou Marte reforça ações de combate às perdas de água, que resultaram na recuperação de 18 bilhões de litros em 2024. Volume é suficiente para abastecer mais de 3 milhões de pessoas em um ano

Preservar a água potável e reduzir o desperdício são dois dos grandes desafios do século 21, especialmente em um cenário de mudanças climáticas, secas mais frequentes e crescente pressão sobre os recursos naturais. No setor de saneamento, um dos principais vilões é o vazamento de água tratada, que se perde em tubulações deterioradas antes mesmo de chegar às torneiras. A Águas do Rio, que atua em 27 cidades fluminenses, vem enfrentando este problema, e está obtendo resultados expressivos no combate às perdas.

Desde 2022, a concessionária do grupo Aegea incorporou ao seu Programa de Redução de Perdas uma tecnologia que parece saída de filme de ficção científica: um satélite que já foi usado para buscar sinais de água em Marte agora está voltado para o subsolo do Rio de Janeiro. A missão? Detectar vazamentos invisíveis a olho nu, muitas vezes escondidos sob várias camadas de asfalto.

Esse “raio x espacial” permite identificar problemas em tubulações em áreas de até 350 km², o equivalente a cerca de 49 mil campos de futebol, em uma única passagem orbital. A tecnologia mapeia regiões urbanas com alta precisão, detectando a presença de água tratada com cloro embaixo da terra, um sinal de vazamentos ocultos na rede. Com os pontos críticos já mapeados, as equipes não precisam mais realizar buscas aleatórias nas ruas: vão direto aos locais sinalizados e usam geofones, um tipo de “estetoscópio” que escuta os sons do subsolo e indica o ponto exato do problema.

Só na área de operação da Águas do Rio são mais de 17 mil quilômetros de redes de água. Em 2024, o satélite detectou 2.726 possíveis vazamentos. Desses, 2.144 foram confirmados em campo, uma taxa de assertividade de cerca de 80%. Com o apoio dessa tecnologia e de outras ações do programa, cerca de 18 bilhões de litros de água tratada deixaram de ser desperdiçados em 2024, volume suficiente para abastecer mais de 3 milhões de pessoas por ano.

 

Para Anselmo Leal, presidente da Águas do Rio, o impacto da tecnologia vai além da eficiência operacional:

“Estamos usando inovação para proteger um recurso essencial à vida. Cada vazamento que conseguimos eliminar representa água limpa devolvida ao sistema, pronta para atender comunidades que historicamente sofrem com o abastecimento. Além de economizar água, também reduzimos o consumo de energia e o impacto ambiental. Isso mostra que tecnologia, quando bem aplicada, pode ser uma grande aliada da sustentabilidade e da justiça social.”

Plano de 10 anos mira redução drástica nas perdas

A jornada até uma distribuição de água mais eficiente é longa. Em novembro de 2021, a empresa assumiu um sistema antigo e altamente ineficiente, com índice de perdas de cerca de 65%. O compromisso da companhia é ambicioso: reduzir esse número para 25% em até 10 anos.

A meta envolve mais do que a detecção inteligente de vazamentos. Inclui também um conjunto robusto de ações de infraestrutura, como a fiscalização de ligações clandestinas, o uso de válvulas para a setorização das redes, além da gestão de ocorrências e ações preventivas via Centro de Operações Integradas (COI), um dos mais modernos da América Latina.

Anselmo reforça que inovação, nesse contexto, é uma ponte para um futuro mais justo e equilibrado:

“Ao unir inteligência tecnológica com compromisso ambiental, mostramos que é possível transformar a realidade das cidades. Com menos perdas, mais pessoas têm acesso à água, o meio ambiente é preservado e todos ganham. Inovar também é cuidar da vida”, concluiu ele.

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