Suspeita de vender pulseiras falsas para camarote na Sapucaí, irmã de Léo Moura já se envolveu em outros golpes

A expectativa de curtir o carnaval da Marquês de Sapucaí de um ponto privilegiado virou uma grande decepção para um grupo de pessoas. Elas foram enganadas por uma estelionatária, irmã do ex-jogador do Flamengo Léo Moura. Lívia Moura, de 34 anos, foi presa na terça-feira (13). Só esta semana, 17 pessoas procuraram a polícia para denunciá-la. Mas esse foi só o último capítulo de um longo enredo com a polícia: são doze acusações de estelionato e vários outros crimes.

A história dela com a Justiça começou em 2016, com um golpe em um antigo colega do próprio irmão. O jogador Renato Augusto e a mulher queriam fazer uma festa e convidaram Lívia, que era amiga íntima deles, para organizar. A promessa era levar músicos famosos para cantar: Thiaguinho, Péricles e Rodriguinho. O dinheiro que deveria pagar os cachês, segundo o Ministério Público, foi embolsado por Lívia.

“Nós estimamos, hoje, o valor entre R$ 250 mil e R$ 300 mil”, diz Ricardo Braga, advogado de Renato Augusto.

 

Seis anos depois, em 2022, um novo golpe. Lívia teria se passado por funcionária do Rock in Rio para vender pulseiras com acesso à área VIP do festival. Uma das vítimas não só comprou os ingressos como ainda passou a indicação para outras pessoas. O combinado era retirar as pulseiras em um hotel em frente à Cidade do Rock. Um prejuízo de R$ 25 mil.

Segundo a polícia, outras 13 vítimas também caíram no golpe, totalizando um roubo de R$ 150 mil. A organização do Rock in Rio denunciou Lívia às autoridades.

Em setembro de 2022, o Ministério Público pediu a prisão preventiva dela, que foi convertida em prisão domiciliar com monitoramento eletrônico. Mas Lívia Moura nunca apareceu para colocar a tornozeleira, nem apresentou qualquer justificativa – e nada foi feito.

Em fevereiro de 2024, a promotoria pediu de novo a prisão dela. Mas já havia um novo golpe em andamento: a venda de ingressos falsos para o camarote da Sapucaí.

“Seria metade do valor na hora e metade no dia do credenciamento, que disse ela que seria em novembro. No meio desse tempo também, ela oferecia outros eventos. Me parecia ser real até porque outras pessoas compravam e conseguiam ir”, conta uma vítima.

 

As vítimas receberam um e-mail pedindo dados como CPF e tamanho de camiseta. Finalmente, agendou a retirada dos ingressos para sexta-feira de carnaval. Depois, remarcou para o dia seguinte e ainda fez um vídeo no espaço onde acontecia o credenciamento. Revoltadas, as vítimas ligavam imediatamente para Lívia.

“Em momento nenhum ela deixou de atender. O tempo inteiro, ela falava com a gente. Ela falou que tinha sido demitida, que infelizmente não teria mais os ingressos, mas que devolveria o dinheiro”, lembra uma vítima.

 

Lívia, então, apareceu com uma proposta: disse que tinha comprado um carro no dia anterior e que pediria o estorno no valor de R$ 150 mil para devolver o dinheiro às vítimas. Chamou o grupo para acompanhá-la na concessionária – e muitos foram. Ela abraçou o vendedor e ficou conversando com ele. Lívia e as vítimas ficaram lá por quase uma hora.

“Chega uma hora que você fala agora não é mais golpe, não pode ser golpe. Estamos até aqui, já chegou aqui. Ela já teria fugido com esse dinheiro”, diz outra vítima.

 

Mas era golpe, sim. Carro nenhum tinha sido comprado. Depois do inusitado passeio à concessionária, todos foram para a delegacia, e Lívia também. A Polícia Civil começou, então, uma nova investigação.

“Foi uma série de mentiras que demonstrou para a gente, evidente, que ela sabia. Que em nenhum momento ela iria entregar aqueles convites. O valor ultrapassa os R$ 70 mil. A gente acredita que tenha mais gente que ainda não apareceu”, diz o delegado da Polícia Civil Gabriel Ferrando.

 

Até agora, as investigações não apontaram nenhuma ligação do jogador Léo Moura com os esquemas da irmã.

A defesa de Lívia não foi localizada. Ela está presa temporariamente e vai responder por associação criminosa, e a mais uma acusação por estelionato. O artigo 171 do Código Penal.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *