Serviço de atendimento a vítimas de violência doméstica do Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart completa um ano

Mais de 300 mulheres foram atendidas no primeiro ano do Espaço Multivioleta 

O Espaço Multivioleta do Hospital da Mulher Heloneida Studart completará um ano na terça-feira, 8 de julho. Durante este período, muito trabalho foi realizado no setor que vem se tornando referência na região. Até maio deste ano, 381 pacientes foram assistidas pela equipe multidisciplinar dedicada ao programa.

Ao chegar no HMulher, a paciente passa por  uma série de serviços, que incluem consulta com ginecologista e  atendimento com psicólogas, assistentes sociais e enfermeiras. O acolhimento é realizado pela equipe multidisciplinar em conjunto para evitar que a vítima repita a história várias vezes e reviva o trauma.

No caso de abuso sexual, o primeiro contato é feito pela ginecologista, que realiza exames para detectar se houve contaminação por Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e em seguida se inicia uma conversa com enfermeiras, assistentes sociais e psicólogas. O serviço atende pacientes vítimas de  violência física, psicológica e sexual. A maioria delas sofre mais de um tipo de abuso ao mesmo tempo, incluindo a violência patrimonial e moral.

“É muito importante que a vítima de violência sexual procure atendimento médico até um prazo máximo de 72 horas para que possamos tomar as medidas profiláticas de prevenção das ISTs, como HIV e sífilis, além da  gravidez indesejada” explicou a  ginecologista obstetra do hospital, Andrea Zanneti.

As vítimas de violência são acompanhadas durante um ano a partir da data em que deram entrada no hospital. Os exames ginecológicos são repetidos a cada três meses e o acompanhamento psicológico acontece até duas vezes por semana, sempre com a profissional que estiver de plantão na unidade.

“A violência sempre deixa um trauma, portanto, o acompanhamento psicológico é fundamental.Muitas pacientes voltam porque sentem a necessidade de continuar com o atendimento terapêutico com as psicólogas da unidade. Quando elas não voltam, fazemos uma busca ativa para saber o motivo da falta, mas ela é livre para continuar ou não”, contou a psicóloga da unidade, Maria Luiza Corrêa Cordeiro.

Além de ter o atendimento multidisciplinar como diferencial, a unidade também realiza a interrupção da gravidez até 21 semanas, como está previsto no Código Penal, Decreto-Lei n.º 2.848/1940, Art. 128 e a Lei n.º 12.015, de 7 de agosto de 2009, Art. 217. As mulheres que desejam manter a gestação podem ser acompanhadas durante o pré-natal e o parto.

O serviço oferecido no Espaço Multivioleta é apenas voltado para a saúde da mulher, mas quando os profissionais sentem que a paciente está sob ameaça, como é na maioria dos casos, elas são aconselhadas a procurar a polícia e registrar ocorrência. É importante destacar que a assistência em saúde não está atrelada à denúncia.

O Espaço Multivioleta do Hospital da Mulher Heloneida Studart faz parte do programa do governo Federal, Antes que Aconteça, que oferece uma rede de apoio e atendimento a mulheres  vítimas de violência doméstica. Atualmente, no Rio de Janeiro, o programa é coordenado pela Secretaria de Estado de Saúde em parceria com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado de Segurança Pública que, por meio da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de São João de Meriti, encaminha os casos para a unidade.

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