Seminário marca início da Festa Literária Internacional da Fiocruz
Na próxima terça-feira (9/12), educadores, gestores, estudantes, escritores e mediadores de leitura de diferentes territórios do Estado do Rio de Janeiro irão se reunir para o seminário Cidades Literárias: Experiências da Educação e da Saúde para Futuros (e Muitos) Leitores. O evento busca mapear boas práticas e tecnologias sociais de incentivo à leitura em favelas cariocas. A participação é gratuita.
O seminário integra as comemorações dos 125 anos da Fiocruz e marca o início das atividades da Agenda Cultural Antirracista da Festa Literária Internacional da Fiocruz, a Flifio. Em debate, questões cruciais para entender como avançar na promoção da leitura nas periferias e uma pergunta central: o livro, a leitura, a literatura e as oralituras são práticas de resistência aos contextos de violências que atingem os territórios de periferia, ou são, na verdade, a pavimentação de um projeto de sociedade alternativo ao atual?
“Daqui até abril de 2026, quando acontece o ápice da festa literária, com três dias de atividades multiculturais abertas ao público, realizaremos várias ações. Teremos apresentações teatrais, musicais, campeonato de slam, roda de samba. O seminário é a primeira página desta história”, diz o coordenador da Flifio, Felipe Eugênio.
O seminário será organizado em duas mesas temáticas. A primeira, intitulada Entre a bala e a tela: os labirintos para o estímulo à leitura nas periferias brasileiras, terá mediação de Bárbara Carine, referência nacional em educação antirracista. Participam desta mesa Otávio Junior, autor e educador do Complexo do Alemão, que apresentará experiências de incentivo à leitura no território; Miriane Pellegrino, do projeto Literatura Comunica!, com a fala Leituras compartilhadas em periferias globais; e Monica Verdam, da Rede Baixada Literária, que trará a apresentação Bibliotecas comunitárias erguendo a Baixada.
A segunda mesa, Cidade das Letras: feira de livros e políticas públicas, será mediada por Renata Costa, especialista em políticas públicas de livro e leitura. Compõem a mesa Elisangela Costa de Jesus, da Secretaria de Educação de Saquarema, com o tema Escolas que leem: a feira literária de Saquarema como ponto alto da leitura cotidiana; Sonia Freire, da Secretaria de Educação de Maricá, que apresentará Impactos da feira do livro na educação de Maricá; e Fabrício Brito, do coletivo A Pombagem (Salvador), com a comunicação A poética como insurgência: o caso do Laboratório Avançado de Políticas Públicas da Periferia Brasileira de Letras na Bahia.
Integração com a pesquisa
O seminário Cidades Literárias integra a pesquisa-ação Entre Feiras: práticas de incentivo à leitura em tempos e territórios adversos, realizada pela Cooperação Social da Presidência da Fiocruz, coordenada por Leonídio Madureira, com gestão cultural da Sociedade de Promoção Sociocultural da Fiocruz (SOCULTFio).
Ao longo de 6 meses, professores da rede pública dos Complexos da Maré, Alemão, de Manguinhos e Jacaré atuarão como pesquisadores. Após um programa de formação, junto com especialistas, eles acompanharão cinco mil estudantes da rede pública de ensino que receberão, durante a Festa Literária Internacional da Fiocruz, um vale-livro no valor de R$200. O objetivo é entender como os livros adquiridos e a literatura podem ressignificar trajetórias individuais e comunitárias, indagando: o que acontece entre uma festa literária e outra?
“Sabemos que o acesso por si só não garante a imersão nas letras. A pesquisa vem para acompanhar os impactos dos livros e da festa literária na vida dos estudantes”, afirma Felipe Eugênio.
Cidades Literárias: Experiências da Educação e da Saúde para Futuros (e Muitos) Leitores será o momento de lançamento da pesquisa. O encontro permitirá a troca e compartilhamento de boas práticas de incentivo à leitura e de garantia do direito à literatura que já acontecem em Manguinhos, Maré e Alemão, e de iniciativas que tem dado certo nas escolas públicas do Estado do Rio de Janeiro, inclusive fora da capital, a partir do fenômeno das festas literárias.
Para os organizadores, este ciclo de ações culturais faz da Flifio uma plataforma viva para repensar a leitura, a cidade e a saúde como direitos coletivos, reafirmando o compromisso da Fiocruz com a construção de cidades literárias, saudáveis e antirracistas.
Flifio
A Festa Literária Internacional da Fiocruz (Flifio) é uma iniciativa cultural e científica que articula literatura, ciência, saúde e arte como instrumentos de promoção da saúde e fortalecimento de territórios de favela. A ser realizada em abril de 2026, a festa terá três dias de programação gratuita, com feira de livros, mesas de debate, apresentações artísticas e produções audiovisuais, priorizando crianças e jovens das comunidades de Manguinhos, Maré, Jacaré e Alemão.
Além de evento literário, a Flifio constitui-se como uma plataforma de pesquisa e ação social, com foco no incentivo à leitura e no enfrentamento das desigualdades raciais e territoriais. A partir de uma perspectiva antirracista, a Flifio propõe uma reflexão sobre os papéis sociais da ciência e da cultura na construção de uma sociedade saudável.
A Flifio é uma realização da Fiocruz, por meio da Cooperação Social da Presidência da Fiocruz, com gestão cultural da Sociedade de Promoção Sociocultural da Fiocruz (SOCULTFio). É patrocinada por: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, Deloitte, IBMR, Nova Rio e SBM Offshore, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS.
Seminário Cidades Literárias: Experiências da Educação e da Saúde para Futuros (e Muitos) Leitores.
Data: 09/12;
Horário: 12h30 às 16h30;
Local: auditório da Cogic na Fiocruz;
Endereço: Av. Brasil, 4365 – Manguinhos, Rio de Janeiro (RJ);
Inscrições gratuitas.

