27 de setembro de 2025
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Saiba de que países vem o investimento direto no Brasil

Paraísos fiscais figuram entre os principais locais de origem

Banco Central também mapeou os setores da economia que mais atraem investimento estrangeiro direto

País que implementou em agosto o tarifaço de até 50% contra exportações brasileiras, os Estados Unidos são a origem da maior fatia dos investimentos diretos que chegam ao Brasil.

A constatação está no censo de capitais estrangeiros do Banco Central (BC), divulgado nesta sexta-feira (26), em Brasília.

O levantamento aponta que, em 2024, o Brasil recebeu US$ 1,141 trilhão em investimento estrangeiro direto no país, o que representa 46,6% do Produto Interno Bruto (PIB), conjunto de bens e serviços produzidos no país. O percentual é o maior já registrado.

Ao analisar o investimento estrangeiro, o BC divide esse montante em duas partes:

– US$ 884,8 bilhões são participação no capital social de quase 19 mil empresas, ou seja, sócios;

– US$ 256,4 bilhões são operações intercompanhia, isto é, empréstimos entre empresas.

Países

O censo do BC identifica de quais países vieram os US$ 884,8 bilhões que fazem parte do capital social de empresas aqui no Brasil. A lista é liderada pelos Estados Unidos, com US$ 244,7 bilhões, isto é, 28% do total.

Veja os principais países:

1. Estados Unidos: US$ 244,7 bi (28% do total)
2. Países Baixos: US$ 145,5 bi (16%)
3. Luxemburgo: US$ 79,2 bi (9%)
4. França: US$ 63,3 bi (7%)
5. Espanha: US$ 61,0 bi (7%)
6. Reino Unido: US$ 31,0 bi (4%)
7. Japão: US$ 27,8 bi (3%)
8. Alemanha: US$ 21,9 bi (2%)
9. Canadá: US$ 21,1 bi (2%)
10. Ilhas Cayman: US$ 20,7 bi (2%)

Paraísos fiscais

O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, explica que essa lista considera o local de origem do “investidor imediato”, isto é, de onde saíram os recursos.

“Na verdade, é o país onde está a empresa que é imediatamente dona da empresa daqui”.

Ele contextualiza que, em alguns casos, a empresa estrangeira tem origem em um outro país, mas mantém sede em um terceiro, por questão tributária.

“São os chamados paraísos fiscais, lugares [para] onde as empresas mandam seus recursos, centralizam sua operação financeira lá, porque pagam menos impostos, e de lá vem para o Brasil”, detalha.

Segundo ele, é por isso que Luxemburgo e Ilhas Cayman, no Mar do Caribe, aparecem na lista.

Ao considerar o país controlador do investimento estrangeiro, o que desconsidera se havia subsidiárias ou paraísos fiscais pelo caminho, a lista do BC apresenta:

1. Estados Unidos: US$ 232,8 bi (26% do total)
2. França: US$ 69,3 bi (8%)
3. Uruguai: US$ 58,4 bi (7%)
4. Espanha: US$ 50,0 bi (6%)
5. Países Baixos: US$ 48,6 bi (5%)

Setores

O Banco Central mapeou os setores da economia que mais atraem investimento estrangeiro direto. Os serviços lideram a atração, com 59% do total, à frente da indústria (29%) e da agropecuária e extrativismo mineral (12%)

Ao se analisar dentro desses setores, as atividades campeãs de atração de capital do exterior são:

1. Serviços financeiros e atividades auxiliares: 22%
2. Extração de petróleo e gás natural: 8%
3. Comércio, exceto veículos: 7%
4. Eletricidade, gás e outras utilidades: 5%
5. Produtos químicos: 4%
6. Veículos automotores, reboques e carrocerias: 4%

O censo do BC também aponta para qual atividade cada país direciona o investimento direto. No caso dos Estados Unidos como controlador final, 25% vão para a indústria de transformação (transforma matéria-prima em um produto final ou intermediário, que vai ser novamente modificado por outra indústria) e 22% para atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados.