Queda na inflação foi mais sentida pela população mais pobre, aponta Ipea
Custo de vida desse grupo registrou deflação de 0,29% em agosto
No mês de agosto, a queda na inflação foi mais sentida pelas famílias mais pobres. Enquanto o índice oficial ficou negativo em 0,11%, o custo de vida para famílias que ganham até R$ 3,3 mil teve recuo superior a 0,20%. Já na outra ponta, lares com renda mensal acima de R$ 22 mil, a inflação ficou positiva em 0,10%.
A constatação está no boletim mensal Inflação por Faixa de Renda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento e Orçamento.
O estudo compara a inflação oficial, apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o custo de vida de diversas faixas de renda.
Das seis faixas de renda familiar mensal, as três mais baixas tiveram percepção mais acentuada da deflação (queda média dos preços):
– renda muito baixa: -0,29%
– renda baixa: -0,21%
– renda média-baixa: -0,19%
– IPCA: -0,11%
– renda média-alta: 0%
– renda alta: 0,10%
– muito baixa: menos que R$ 2.202,02
– baixa: entre R$ 2.202,02 e R$ 3.303,03
– média-baixa: entre R$ 3.303,03 e R$ 5.505,06
– média: entre R$ 5.505,06 e R$ 11.010,11
– média-alta: entre R$ 11.010,11 e R$ 22.020,22
– alta: acima de R$ 22.020,22
Alimentos e conta de luz
“Além da intensificação da trajetória de deflação dos alimentos no domicílio, a queda das tarifas de energia elétrica, beneficiada pela incorporação do Bônus de Itaipu, anulando a pressão vinda da adoção da bandeira vermelha patamar 2, explicam esta queda mais forte da inflação nos segmentos de renda mais baixa, dado o peso desses itens no orçamento dessas famílias”, explica.
O chamado Bônus de Itaipu é o desconto na conta de luz que beneficiou 80,8 milhões de consumidores. Conforme adiantou a Agência Brasil, a bonificação compensou a bandeira tarifária vermelha 2, que adiciona R$ 7,87 na conta e luz a cada 100 Kwh consumidos.
O estudo do Ipea aponta que, no caso dos alimentos no domicílio, destacam-se em agosto as quedas dos cereais (-2,5%), tubérculos (-8,1%), café (-2,2%) e proteínas animais: carnes (-0,43%), aves e ovos (-0,8%) e leite (-1%).
Já para a faixas de renda mais altas, indica Lameiras, a deflação dos alimentos e da energia “foi parcialmente compensada pela elevação de preços em serviços, notadamente alimentação fora do domicílio e recreação”.
Acumulado
– renda muito baixa: 5,23%
– renda baixa: 5,33%
– renda média-baixa: 5,19%
– renda média: 5,08%
– renda média-alta: 5,07%
– renda alta: 5%
“Nos últimos doze meses, as principais pressões inflacionárias vieram dos grupos alimentos e bebidas, habitação, transportes e saúde e cuidados pessoais”, aponta o estudo.