PMs agridem e arrastam homem em situação de rua que se abrigava da chuva em supermercado no PR
Um homem em situação de rua foi agredido e torturado por policiais militares no estacionamento de um supermercado na cidade de Pitanga, no Paraná, na última sexta-feira. Segundo a defesa de Derinaldo Carraro dos Santos, de 36 anos, ele e outro homem buscavam se abrigar da chuva quando funcionários do estabelecimento decidiram chamar a polícia. Logo após o início da abordagem, realizada por três agentes, Derinaldo foi golpeado com um soco no rosto. Em seguida, foi arrastado por dois policiais para fora das dependências da loja, onde teria sido torturado por mais de 1 hora.
A vítima teve ferimentos nas costas, foi encontrada pelo próprio irmão, desacordada, e levada a um hospital da região para receber atendimento. Toda a ação foi filmada por um cliente, que estava dentro de um carro. Os agentes, de acordo com testemunhas, já começaram a abordagem com violência. A vítima, no entanto, afirma que não houve nenhum tipo de desentendimento antes da chegada dos policiais. O vídeo mostra o momento em que os agentes chegam, agridem Derinaldo e o arrastam para fora. Em um dos momentos da gravação, uma policial aparece sorrindo diante da cena.
Para Jackson Bahls, advogado de Derinaldo, os agentes precisam ser punidos por violência policial. Segundo o advogado, os procedimentos adotados pelas forças policiais no Brasil não autorizam esse tipo de conduta.
— Embora haja uma tentativa de justificar esse fato, ele é um fato injustificável. A polícia agiu de forma truculenta e equivocada. Nossa luta agora é para que eles respondam pela tortura que tiveram contra esse morador de rua — explica.
Em nota, a Polícia Militar do Paraná afirma que, “diante dos fatos narrados, promoverá a instauração do devido procedimento apuratório para o levantamento de todas as circunstâncias que envolvem a ocorrência, no estrito cumprimento das leis e procedimentos protocolares que orientam a atividade policial”.
Segundo a defesa de Derinaldo, a corporação tentou justificar a ação dos três agentes após a repercussão do vídeo nas redes sociais. Eles teriam dito que o homem havia proferido “palavras de baixo calão”, portava uma faca e ameaçou funcionários e clientes do estabelecimento. Os policiais chegaram a registrar um boletim de ocorrência com essas informações. A alegação, segundo a defesa de Derinaldo, é falsa.
— Depois que já estava nas redes sociais, registraram boletim de ocorrência dizendo que ele portava uma faca, que estava ameaçando. Tentaram se furtar da responsabilidade. Cometeram outros crimes em razão da inserção de informação falsa no boletim de ocorrência e tantos outros que podemos identificar nessa atuação — diz Jackson.
O advogado explica que Derinaldo é conhecido na cidade. Sua família é estruturada financeira e socialmente. No entanto, em razão de problemas psicológicos, se tornou dependente de álcool e passou a viver nas ruas. Em declaração registrada pela defesa, ele diz se sentir “humilhado” após o episódio de violência.
— Eu estava escapando da chuva, ninguém estava fazendo nada. [Estou] humilhado. Só espero que eles percam a farda, tem que honrar — relata.