8 de outubro de 2025
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Paredão com pinturas rupestres revela vestígios de ‘ocupação ancestral’ em serra no Tocantins

Sítio arqueológico Abrigo do Jon está cadastrado no Iphan, e tem manifestações datadas de oito mil anos atrás. Órgão faz ações para preservar espaço contra a ação do tempo.

Próximo a Palmas, um paredão rochoso de 60 metros de comprimento por 10 de largura guarda vestígios de uma história milenar. Conhecido como Abrigo do Jon, o sítio arqueológico abriga pinturas rupestres feitas por grupos humanos que habitaram a região há cerca de 8 mil anos.

O local está cadastrado no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e foi descoberto entre 2010 e 2012 pelo arqueólogo Lucas Bueno. Atualmente, o acesso é restrito a atividades de pesquisa, escavação e fiscalização autorizadas pelo órgão federal.

O que revelam as pinturas rupestres

 

Segundo o superintendente do Iphan no Tocantins, Danilo Curado, as manifestações rupestres impressionam pela diversidade de cores e formatos.

  • Cores: vermelho, branco, preto e amarelo
  • Figuras: humanas, animais, cenas de caça, formas abstratas e símbolos geométricos
  • Destaque: presença de cúpules — cavidades cônicas esculpidas intencionalmente na rocha, algumas ainda com pigmentação

🗿 Vestígios de vida milenar

 

Além das pinturas, escavações no Abrigo do Jon revelaram camadas de ocupação humana milenar, segundo Danilo, datados por meio da técnica chamada Carbono-14.

  • 💡 Método é aplicado quando há presença de material orgânico que, em algum momento, conteve carbono. Com o tempo, a quantidade de Carbono-14 nesse material diminui, o que permite determinar a idade dos achados.

 

Ou seja, a análise foi feita no material presente na pintura (tipo de pigmento à base de carvão vegetal ou outros compostos orgânicos) e do contexto em que ela foi feita.

“A cronologia do sítio foi estabelecida a partir de datações radiocarbônicas, utilizando o método do Carbono-14, padrão em contextos arqueológicos”, explicou o superintendente.

 

Os achados também incluem vestígios de práticas agrícolas e modos de vida antigos:

  • 🏺 Fragmentos cerâmicos
  • 🌱 Sementes
  • ⚫ Carvões
  • 🟫 Estacas de madeira
  • 🌽 Espigas de milho
  • 🐝 Pólen
  • Artefatos líticos (objetos modificados ou moldados por humanos para uso específico)

 

Esses elementos indicam práticas agrícolas e modos de vida complexos, reforçando a importância histórica do sítio.

Apesar da longa data de existência do sítio, os fragmentos cerâmicos estavam nas camadas mais recentes do sítio, possivelmente moldados com argila local e queimada em fornos rudimentares, com técnicas tradicionais indígenas, explicou Danilo, baseado na literatura arqueológica do Cerrado.

O superintendente também detalhou que quando se tratam de estacas na arqueologia, o artefato está geralmente associado a materiais usados de forma doméstica ou para manipular o fogo, não como arma de caça.

Com relação às espigas de milho, elas foram encontradas em camadas superiores do sítio, na mesma em que cerâmica e carvões. Por ser uma ocupação mais recente, a previsão é que estejam datadas de mil anos antes do presente.

“A presença de pólen, por sua vez, é comum em sedimentos protegidos, e sua análise permite reconstruir o ambiente e o uso de plantas”, completou Danilo.

 

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