Oportunidades ganham lugar à mesa
Festas de fim de ano abrem espaço para microempreendedoras de comunidades aumentarem renda e fidelizarem clientes
Com mesas sendo preparadas para confraternizações, vitrines iluminadas e o aroma de comidas caseiras se espalhando pelas ruas, o período natalino também se consolida como um momento de novas possibilidades. É nessa atmosfera de celebração que muitos microempreendedores transformam talento em renda, conquistam novos clientes e fortalecem seus negócios ao adaptar habilidades às demandas da temporada. Para apoiar esse movimento, o projeto Cozinha Escola Cordel de Sabores, iniciativa da Associação Prover em parceria com a Águas do Rio, oferece cursos voltados à capacitação de mulheres de comunidades, unindo técnicas gastronômicas e empreendedorismo como caminhos para a geração de renda.
Nesta terceira edição do projeto, o destaque foi o workshop de rabanadas, com aprendizado desde a origem da sobremesa até formas mais elaboradas de produção. “As participantes aprenderam a fazer rabanadas simples e recheadas. Elas são a ‘queridinha’ do fim de ano, por isso, têm alta saída no período”, conta Flávia Silva, presidente e fundadora da Prover.
As alunas, que receberam o certificado de conclusão em um evento realizado no último dia 16, já estão experimentando os benefícios da gastronomia natalina e das oportunidades associadas ao Réveillon.
“Muitas delas estão comemorando as encomendas de várias guloseimas, e nós estamos estimulando o bom atendimento como estratégia para fidelizar esses novos clientes”, destaca Flávia.
Natália de Souza é supervisora de Responsabilidade Social da Águas do Rio, empresa do grupo Aegea e responsável pelo projeto. Ela conta que a iniciativa busca estimular a capacitação e a autoestima das participantes.
“O fortalecimento emocional passa pela conquista da autonomia financeira. Dessa forma, elas conseguem se desenvolver e contribuir para a transformação dos territórios em que vivem”, afirma Natália.
Cozinha funcional
Você sabe o que é cozinha funcional? Foi o sentimento de empatia que levou a aposentada Rogeneri da Silva, de 60 anos, a explorar esse nicho. “Eu tenho parentes e amigos que nessa época do ano sofrem por não poder saborear as delícias das ceias, por causa da restrição alimentar. Então, decidi me especializar em pratos funcionais, que ficam maravilhosos, tanto no sabor quanto na estética, e são nutritivos e próprios para quem tem alergias, por exemplo”, conta ela.
Rogeneri aprendeu o conceito gastronômico no projeto Cordel de Sabores, que dedicou um módulo a esse tipo de cozinha. Moradora da comunidade do Tuiuti, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, a aposentada que recebe um pouco mais de um salário mínimo e ainda tem despesas com seu tratamento contra um câncer, comemora a renda extra: “Nunca ganhei tanto dinheiro”, garante.
Somente em dezembro, Rogeneri recebeu mais de 100 encomendas entre pavês, rocambole de arroz, empadões, sobremesas, bolos decorados de Natal e outros produtos à base de receita funcional.
“Os chamados pratos funcionais unem a culinária tradicional a ingredientes que trazem benefícios à saúde, principalmente aos portadores de alergias e restrições alimentares”, explica Flávia Silva.
No mercado, pratos mais elaborados e com essas especificidades custam, em média, R$ 150, segundo Rogeneri.
“Onde resido, quase ninguém tem condições de pagar por um alimento assim. Então, estou vendendo pela metade do preço de mercado, adaptando à realidade do meu consumidor e conquistando novos clientes. Eu ajudo as pessoas a se alimentarem melhor e, em troca, consigo um dinheirinho a mais”, comemora a aposentada.
Sobre o Cordel de Sabores
O projeto Cozinha Escola Cordel de Sabores oferece aulas ministradas duas vezes por semana em um espaço equipado para receber o curso, em São Cristóvão, mesclando conhecimentos teóricos e práticos, com duração de três meses.
“Ao longo da formação, as mulheres passam por um processo completo de desenvolvimento, adquirindo tanto competências técnicas quanto habilidades comportamentais e socioemocionais. Essa formação integral é essencial para que elas possam desenvolver seus próprios negócios, seja na área de panificação e confeitaria, na produção e venda de marmitas ou na criação de outros produtos alimentícios”, destaca Flávia Silva, fundadora da Prover, associação idealizadora da iniciativa.

