24 de outubro de 2025
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Operação Torniquete mira criminosos por roubos de carga no entorno da Ceasa

Ação acontece na comunidade Para Pedro, base dos bandidos. Agentes recuperaram carregamento de laticínios roubado

A Operação Torniquete mira, nesta sexta-feira (24), criminosos da comunidade Para Pedro, em Irajá, Zona Norte, especializados em roubos de cargas. Em mais uma etapa, a ação tem como alvo um braço da facção Terceiro Comando Puro (TCP), que age principalmente contra carretas no entorno da Central de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (Ceasa-RJ). Até o momento, sete criminosos foram presos e um carregamento de laticínios recuperado.

A ação é realizada pela Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas da Capital (DRFC-CAP), com apoio da 27ª DP (Vicente de Carvalho). Os agentes cumprem mandados de busca e apreensão e de prisão e, na chegada à comunidade, houve troca de tiros, mas ninguém ficou ferido. As equipes miram oito criminosos identificados por participação no esquema, entre eles Alex Pereira Marcelino, o Gaguinho, apontado como gerente dos roubos, ainda não localizado.
Entre os presos, está Thiago Honorato, 23, responsável por render e ameaçar motoristas armado. Ele também usava bloqueadores de sinal, os chamados “capetinhas”, para levar as vítimas até as comunidades do Para Pedro e do Amarelinho, em Acari, na Zona Norte, também controlada pelo TCP. “É um bandido perigoso, usava arma de fogo, rendia os motoristas, levava para as comunidades, aterrorizava esses motoristas”, afirmou o delegado titular da DRFC, Fábio Asty.
Durante as buscas, os agentes encontraram uma carga de leite condensado e derivados roubada na noite da última segunda-feira (20), em um depósito clandestino. Confira abaixo. Também foram apreendidos um bloqueador de sinal e um radiotransmissor, encaminhados à Cidade da Polícia, no Jacaré, Zona Norte. Segundo o delegado, os produtos, principalmente alimentos e bebidas, são revendidos para mercados populares clandestinos da cidade e comércios dentro das comunidades, dificultando a fiscalização e repressão.
As investigações apontaram que a comunidade do Para Pedro vem sendo usada como base estratégica para descarga e armazenamento de mercadorias, com participação de receptadores locais. Os crimes são autorizados por Anderson da Silva Verdan, conhecido como Bamba, que mesmo preso, continua atuando como liderança da região. Com os recursos obtidos com os roubos, a facção financia outras atividades ilícitas, como compra de armas, drogas e para sustentar a chamada “caixinha” do TCP.
“Esse dinheiro do roubo de cargas serve, justamente, para a expansão territorial cada vez mais dessas facções criminosas, sempre visando aumentar o poderio financeiro para novas guerras, novas disputas territoriais. E, também para retroalimentar a ‘caixinha’ dessas facções criminosas, os faccionados que estão internos no sistema penitenciário e seus familiares”.
Os agentes descobriram que o grupo atua de forma organizada e sempre violenta, aliciando caminhoneiros para que entreguem voluntariamente as cargas. Em troca, eles recebem comissões financeiras e, aqueles que se recusam, acabam sendo ameaçados e obrigados a levar os veículos até os pontos de transbordo. Depois da descarga dos produtos nas comunidades, eles são liberados junto com o veículo. As vítimas costumam ser motoristas de outros estados, que chegam à Ceasa à noite e ficam estacionados no entorno.
“Todas as quadrilhas especializadas do Rio de Janeiro costumam cooptar, aliciar os motoristas, os ajudantes dos motoristas, que trabalham no setor de transporte de cargas, para repassar informações privilegiadas de roteiro, de tipo de carga. Não existe roubo de ocasião, eles já vão roubar aquele caminhão, sabendo qual carga é, qual o valor. Muitas das vezes há um acordo firmado entre os roubadores e os transportadores, mediante pagamento. E muitas vezes há coação, ameaça de morte. Caso não façam parte do esquema, podem até sofrer grande perigo de vida”.
De acordo com o titular da especializada, os últimos três meses registraram uma redução de cerca de 50% nos roubos de cargas, em relação ao mesmo período do ano passado. Além disso, o mês de outubro bateu o recorde histórico com menor número de crimes deste tipo desde 2019.

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