Operação contra expansão do tráfico na Região Serrana registra intenso tiroteio na Maré
A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio (MPRJ) realizam uma operação, na manhã desta quinta-feira (2), para coibir o tráfico de drogas em cidades da Região Serrana. Agentes atuam no Complexo da Maré, na Zona Norte, onde, segundo as investigações, o chefe da quadrilha está escondido. Há registro de intensos tiroteio. Até o momento, 12 pessoas foram presas, incluindo um policial militar da ativa e um assessor da Prefeitura de Petrópolis.
As equipes estão nas ruas para cumprir 18 mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho atuantes, principalmente em Petrópolis. A Justiça do Rio bloqueou cerca de R$ 700 mil em bens da facção.
De acordo com o apurado, o líder da quadrilha, Wando da Silva Costa, o Macumbinha, se esconde no Parque União, no Complexo da Maré, assim como Luis Felipe Alves, braço direito da liderança, e outros comparsas.
Policiais realizaram buscas pelos principais alvos, mas não os encontraram. Moradores relataram intensos tiroteios devido a presença das equipes na comunidade. O Instituto Fogo Cruzado registrou tiros na região por volta das 5h50. Dois helicópteros sobrevoaram a localidade.
As investigações identificaram 55 envolvidos no esquema. O grupo escondido na Maré é responsável por coordenar a logística e transporte de drogas do Rio para a Região Serrana, distribuindo os entorpecentes para diferentes áreas de Itaipava, cada qual sob a responsabilidade de gerentes locais.
A Polícia Civil informou que a facção controle territórios e aplica regras violentas às comunidades, impondo medo e repressão a quem se opunha ao grupo.
A Operação Asfixia, definida como a maior ação contra o tráfico de drogas na Região Serrana, é realizada por policiais da 106ª DP (Itaipava) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), com apoio do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ.
Ao todo, o MPRJ denunciou 56 pessoas pelos crimes de associação para o tráfico de drogas e corrupção ativa. Parte dos denunciados são familiares de Macumbinha, que atuavam no recolhimento de valores, na logística de distribuição de entorpecentes e no fornecimento de informações privilegiadas para garantir a continuidade das atividades ilícitas.
PM e assessor presos
A apuração identificou a atuação de um policial militar que recebia dinheiro para repassar informações sigilosas das forças policiais ao Comando Vermelho. Segundo a Civil, o PM também facilitava a logística do tráfico e expunha a atuação de outros policiais, agindo como aliado dos criminosos. As diligências que levaram à sua prisão contaram com o apoio da Corregedoria da Polícia Militar.
De acordo com a denúncia, o agente também auxiliava na instalação de GPS em veículos policiais para monitorar a movimentação de colegas de farda, facilitando a atuação do tráfico de drogas na Região Serrana.
Além disso, Robson Esteves, assessor especial da Secretaria de Serviços da Prefeitura de Petrópolis, também foi preso nesta quinta. “Isso demonstra a infiltração da facção em estruturas institucionais e a utilização de funções públicas para assegurar a manutenção e expansão de suas atividades ilícitas”, destacou a corporação.
Procurada, a Polícia Militar informou que a 7ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar – subordinada à Corregedoria-Geral – acompanhou o cumprimento do mandado de prisão contra o agente. O PM será conduzido à Unidade Prisional da corporação, localizada em Niterói, na Região Metropolitana.
O policial responderá a um processo administrativo disciplinar, que avaliará a possibilidade de sua permanência nos quadros da corporação.
“O comando da corporação reitera que não compactua com desvios de conduta ou crimes cometidos por seus integrantes, e que atua com rigor na apuração e punição dos envolvidos, sempre que os fatos forem constatados”, disse em nota.
Questionada, a Prefeitura de Petrópolis afirmou que não tinha conhecimento sobre qualquer atividade ilícita praticada pelo servidor, que atuava na Secretaria há alguns anos, e que segundo a investigação, mantinha uma vida paralela alheia às funções desempenhadas no Executivo. Diante da gravidade dos fatos, o prefeito Hingo Hammes determinou a imediata exoneração do funcionário.
A Prefeitura destacou que está a disposição das autoridades para colaborar com todas as informações necessárias ao processo.
Impactos
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), na região do Complexo da Maré, uma unidade de atenção primária (Clínica da Família) interrompeu por completo o funcionamento e outra CF suspendeu as atividades externas, como visitas domiciliares.
A Secretaria Municipal de Educação (SME) informa que, no Complexo da Maré, 16 unidades escolares foram impactadas pela operação.