Obras de valorização são iniciadas no Cais do Valongo
O Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) iniciou as obras de valorização do sítio arqueológico do Cais do Valongo, na região da Pequena África, no Porto do Rio, nesta quinta-feira (6).
Primeiro, o local recebeu os contêineres de apoio, na sequência, serão instalados muretas e um guarda-corpo. Após isso, será colocado um módulo expositivo com quatro totens que vão contar a história da região. A curadoria é da historiadora especialista na História da escravidão e das Relações raciais nas Américas Ynaê Lopes dos Santos.
Após as instalações, a Prefeitura do Rio de Janeiro vai implantar uma nova iluminação no espaço, obedecendo a todas as especificidades necessárias, a partir do projeto feito pelo IDG.
O Cais do Valongo é considerado patrimônio da humanidade pela Unesco desde 2017. O local é o único vestígio material da chegada de negros escravizados à América. Entre 1811 e 1831, estima-se que tenham desembarcado na região cerca de um milhão de pessoas provenientes, em sua maioria, do Congo e de Angola.
Acervo exposto no Muhcab
O Cais do Valongo
O Cais do Valongo foi descoberto em 2011, na fase inicial do projeto Porto Maravilha, de revitalização da região, adjacente ao mercado. Estima-se que por lá passaram 700 mil africanos escravizados, entre 1790 e 1831, oriundos principalmente de portos do atual território de Angola, mas também de Moçambique.
O local tem uma forte ligação com a história da escravidão no Brasil. O Valongo é considerado o maior porto receptor de pessoas escravizadas do mundo e integra a lista de Patrimônio Mundial da ONU. Estima-se que cerca de um milhão de africanos escravizados passaram pela região durante a época.
O Valongo passou a ser utilizado após uma nova legislação estabelecer a transferência do mercado de escravos para a localidade. Mesmo com a proibição do tráfico negreiro em 1831, o Cais do Valongo continuou sendo um dos principais pontos para compra e venda de pessoas escravizadas.
A escavação arqueológica de 2011 abriu um pedaço de terreno de quatro mil metros quadrados. De lá saíram centenas de artefatos de matrizes africanas, como contas de colares, búzios, brincos e pulseiras de cobre, cristais, peças de cerâmica, anéis de piaçava, figas, cachimbos de barro, materiais de cobre, âmbar, corais e miniaturas de uso ritual.