Novo foco de incêndio atinge barracões de escolas de samba na Zona Portuária
Materiais da Unidos do Jacarezinho e Acadêmicos do Vigário Geral ficaram destruídos
Um novo foco de incêndio atingiu os barracões de escolas de samba da Série Ouro, na manhã desta quinta-feira (23). O imóvel, localizado na Via Binário do Porto, nº 288, no Santo Cristo, Zona Portuária, que abrigava os materiais de quatro agremiações, ficou destruído após ser consumido pelas chamas, na tarde desta quarta-feira (22).
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o quartel central foi acionado às 8h10 para combater o incêndio no imóvel. Uma equipe do O DIA esteve no local, na manhã desta quinta-feira, e flagrou as novas chamas que surgiram dentro dos barracões.
Procurada, a LigaRJ, responsável pela Série Ouro, disse que está acompanhando o caso e prestando suporte às escolas atingidas.
No imóvel, materiais para o Carnaval 2026 das escolas Unidos do Jacarezinho e Acadêmicos do Vigário Geral foram consumidos pelas chamas. O local também abrigava alegorias da Inocentes de Belford Roxo e da Unidos do Porto da Pedra, que, segundo informou a LigaRJ, tiveram apenas as paredes atingidas e não foram afetadas.
Em nota, a Unidos do Jacarezinho informou que o galpão abrigava as alegorias, adereços e fantasias da escola e, devido ao incêndio, não restou qualquer material intacto para os preparativos do próximo carnaval.
“Todo o projeto já iniciado no barracão de alegorias, adereços e fantasias na confecção do Carnaval 2026 no qual a escola retornará à Marquês de Sapucaí após doze anos foi perdido. A agremiação agradece ao apoio e solidariedade recebidos de todas as agremiações co-irmãs, em especial aos dirigentes da Liga RJ que se fizeram presentes no local prestando toda a ajuda necessária desde o início do ocorrido. A Unidos do Jacarezinho se solidariza com a coirmã Acadêmicos do Vigário Geral nessa enorme perda. No momento não temos como estimar os prejuízos dos materiais de alegorias, fantasias e esculturas perdidos”, lamentou a agremiação.
A Acadêmicos de Vigário Geral disse que teve todos os materiais foram destruídos e informou que no momento do incêndio não haviam colaboradores operando no barracão. “O local foi completamente destruído. Infelizmente, não restou qualquer material das alegorias e estruturas que estavam sendo desenvolvidas para o Carnaval 2026. A escola já se encontrava com parte significativa do projeto em execução”, escreveu a escola, que agradeceu ao carinho que tem recebido.
Nas redes sociais, o carnavalesco Bruno Oliveira, da Unidos do Jacarezinho, falou sobre o incêndio. “Do fogo renasce a arte. Da dor, a força de seguir criando. O carnaval é maior que qualquer tragédia. Avante , pois afinal, sou Jacaré”, escreveu ele, que acrescentou corações rosa e branco, além do emoji de um jacaré.
Em publicação conjunta, os carnavalescos Caio Cidrini e Alex Carvalho Barreiros, da Acadêmicos de Vigário Geral, tranquilizaram os seguidores sobre como estão e falaram sobre as perdas. “Em meio a este turbilhão de emoções, é importante deixar claro para os nossos familiares, amigos e entusiastas do trabalho que estamos bem. Ainda não temos ciência do que perdemos de material, mas não vamos baixar a cabeça. O importante no momento é tranquilizar todos que nos apoiam. Pra cima deles, Vigário!”, escreveram.
Até 2005, quando as escolas do Grupo Especial migraram para a Cidade do Samba, esses barracões eram utilizados pela Estação Primeira de Mangueira. Anos depois, o espaço passou a ser ocupado por Acadêmicos da Rocinha e Caprichosos de Pilares. Mais recentemente, abrigava os materiais da Unidos do Jacarezinho, Acadêmicos de Vigário Geral, Inocentes de Belford Roxo e Unidos do Porto da Pedra, que integram a Série Ouro.
De acordo com a Polícia Civil, o caso foi registrado na 4ª DP (Presidente Vargas). A perícia foi feita no local e as causas do incêndio estão sendo apuradas. Já a Defesa Civil Municipal informou que interditou os galpões, nesta quarta-feira (22).
“Durante a vistoria, técnicos constataram grande quantidade de materiais inflamáveis guardados no local e dano parcial na parede lateral entre os galpões atingidos pelo fogo. Entretanto, não foi detectado risco estrutural. Por medida de segurança, a Defesa Civil interditou os galpões com fita e recomendou a recuperação da área danificada para eliminar o risco de queda. O laudo técnico foi encaminhado à Subgerência de Vistoria Estrutural, da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, para tomar as medidas cabíveis”, disse, em nota.
Incêndios não são novidades
O incêndio desta quarta-feira (22), infelizmente, não é uma novidade para as escolas de samba. Frequentemente, barracões das agremiações perdem suas produções devido às chamas. No Carnaval deste ano, o Império Serrano, Unidos da Ponte e Unidos de Bangu não foram julgadas na Série Ouro, já que tiveram as fantasias queimadas depois da fábrica Maximus Confecções, em Ramos, pegar fogo em 12 de fevereiro.
Em 2011, um incêndio de grandes proporções atingiu a Cidade do Samba. Na ocasião, quatro barracões, da Portela, União da Ilha do Governador, Grande Rio e o da Liesa, ficaram destruídos. Antes disto, ao longo dos anos, comumente agremiações perdiam parte de seus materiais em incêndios.

