26 de novembro de 2025
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Nova Iguaçu abre exposição com seis obras inéditas de Aleijadinho e mais de 350 peças da arte sacra colonial

A Prefeitura de Nova Iguaçu está promovendo a exposição “Arte & Devoção – A Escultura Religiosa no Brasil Colonial”, considerada uma das maiores mostras de arte sacra realizadas no país nas últimas décadas. Reunindo mais de 350 peças brasileiras, portuguesas e espanholas produzidas entre os séculos XVI e XIX, a mostra tem como destaque seis obras inéditas de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, principal nome do barroco brasileiro. A abertura ocorreu no Complexo Cultural Mário Marques, no dia 18 de novembro, justamente na data que marca os 211 anos da morte do artista.

As peças, todas pertencentes a coleções particulares, abrangem obras eruditas e populares dos períodos colonial e imperial, evidenciando a diversidade da produção religiosa da época. Para o secretário municipal de Cultura e curador da exposição, Marcus Monteiro, o conjunto apresentado coloca Nova Iguaçu no mapa das grandes mostras nacionais.

“Esta é, sem dúvida alguma, uma das mais importantes exposições já realizadas no país. A última mostra deste porte foi a ‘Brasil 500 anos’, realizada em 2000, o que torna este evento ainda mais especial para Nova Iguaçu e para o cenário cultural do Rio de Janeiro e do Brasil, colocando a cidade no roteiro das grandes mostras internacionais. Esta mostra poderia estar em qualquer lugar do mundo devido à qualidade e variedade das peças”, garante Monteiro.

Entre os destaques, está a imagem de Nossa Senhora do Carmo, em madeira entalhada (87 x 31 x 20 cm), atribuída a Aleijadinho e datada do século XVIII. A obra esteve presente na coleção da família de Bárbara Heliodora, uma das mais importantes críticas de teatro no Brasil, que, após sua morte, em 2015, foi adquirida por um colecionador de Brasília.

“Além desta imagem, há outras obras de Aleijadinho que estão aqui e que nunca haviam sido exibidas em exposições, museus e nem mesmo catálogos. São obras muito representativas para a história do Brasil, pois ele foi o principal artista do período colonial brasileiro”, explica Erick Ferreira, conservador e restaurador de bens culturais, outro curador da exposição.

A curadoria também é assinada por Rafael Azevedo, museólogo do IPHAN. Para ele, a mostra ultrapassa o público religioso e se estende ao interesse de qualquer visitante.

“Estas obras não pertencem somente aos católicos, mas a toda a população. Muitas destas obras foram feitas por santeiros das camadas mais populares para adornar igrejas que muitas vezes também de irmandades das camadas mais populares da nossa população. Quanto mais pessoas conhecem estas obras, mais elas serão preservadas, protegidas e valorizadas. Quem ganha é nosso patrimônio cultural”, garante Azevedo.

Outro destaque da exposição é uma imagem de São Pedro (67 x 26 x 20cm), em pedra de Ançã, com vestígios de policromia, atribuída a Diogo Pires, o Moço. Considerada a mais antiga escultura sacra do santo existente no Brasil, a peça teria sido trazida por Dom Pedro Fernandes Sardinha, primeiro bispo do país, em 1551, e instalada na capela de São Pedro, em Salvador, em 1554 e demolida em 1723.

Também integram a mostra obras atribuídas a mestres como Francisco Vieira Servas, Mestre Valentim, Mestre de Angra, Simão da Cunha, Pedro da Cunha, Mestre de Sabará, Francisco Xavier de Brito, Mestre de Iguassú, Veiga Valle e Mestre Piranga.

A exposição é realizada pela Casa do Conhecimento e patrocinada pela Prefeitura de Nova Iguaçu, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Educacional e Cultural de Nova Iguaçu. A mostra fica em cartaz até 31 de janeiro, na Casa de Cultura Ney Alberto, que integra o Complexo Cultural. O espaço funciona de terça a sábado, das 10h às 17h. A entrada é gratuita.

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