17 de outubro de 2025
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Na linha de frente das rodovias: médico atua em rodovias da RioSP e mostra como a neurodiversidade fortalece a medicina

 Profissional compartilha sua rotina no atendimento de urgência nas rodovias e destaca a importância de ambientes mais inclusivos e representativos

 

Para comemorar o Dia do Médico, celebrado em 18 de outubro, a história do médico do Atendimento Pré-Hospitalar, Ademir Aparecido de Campos Júnior, um dos 50 profissionais que atuam nas rodovias administradas pela RioSP, uma empresa Motiva, reforça que a medicina é feita por pessoas com diferentes trajetórias, experiências e formas de perceber o mundo. Médico há mais de 15 anos, ele descobriu o autismo aos 37 anos e está diariamente na linha de frente de acidentes nas rodovias, prestando atendimento essencial a quem precisa, algumas vezes em cenários complexos.

Ao ocupar esse espaço, médicos autistas inspiram outras pessoas e fortalecem a discussão sobre acessibilidade no ambiente de trabalho. Para ele, o autismo traz características que se tornam aliadas no exercício da medicina. “Eu sou autista de suporte nível 1. O meu limite é maior do que o das outras pessoas. As minhas características como autista me fortalecem em alguns pontos, por exemplo, tenho facilidade para manter o foco e a condição de fazer a mesma coisa durante muito tempo e repetidas vezes. Dentro da função de médico, isso me ajuda muito”, afirma ele.

Diferente do trabalho realizado em hospitais ou consultórios, o atendimento médico em rodovias ocorre em locais e condições imprevisíveis. “Aqui não há rotina. Cada ocorrência exige atenção total e decisões rápidas, que podem definir o desfecho de uma vida. Diariamente, lidamos com diferentes pessoas — sejam crianças, adultos ou idosos —, cada uma com uma condição e situação distintas”, explica Ademir Júnior.

A integração entre equipes formadas por médicos, enfermeiros, socorristas, bombeiros, policiais e órgãos reguladores garante uma atuação coordenada e eficiente. Essa conexão permite que as ocorrências sejam atendidas de forma ágil, organizada e com qualidade.

A presença de pessoas autistas no ambiente médico reforça a importância da neurodiversidade. Mais do que tratar doenças, médicos escutam, acolhem, orientam e acompanham os pacientes em diferentes momentos e muitas vezes nos mais delicados.

Falar sobre autismo é quebrar barreiras, combater preconceitos e abrir espaço para a promoção da inclusão. “Eu acho que o maior problema em relação ao autismo é o desconhecimento. Entender o autismo é entender a natureza humana de uma maneira completa. O autista tem algumas questões especiais, assim com um cadeirante. O melhor remédio seria as pessoas entenderem o que é o autismo e não tentar construir protocolos específicos”, conclui Ademir.

Mais do que uma data comemorativa, o Dia do Médico é uma possibilidade de reconhecer a pluralidade que existe dentro da medicina, valorizando histórias, a inclusão e a representatividade nas diferentes frentes de atuação.

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