23 de outubro de 2025
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Na Indonésia, Lula ressalta potencial do Brasil na transição energética e na economia

A menos de um mês da COP30, em Belém (PA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a oportunidade de um discurso no Fórum Empresarial Brasil – Indonésia, em Jacarta, para exaltar o potencial econômico do País em diversas vertentes, com ênfase no protagonismo na transição energética, seja na produção de biocombustíveis, no estoque de minerais críticos ou na proteção de florestas. Para ele, a junção de estabilidade (fiscal, jurídica, política, econômica e social) e previsibilidade transformam o País em forte candidato a investimentos no cenário global. “Isso o Brasil faz questão de oferecer a todo e qualquer investidor”, disse.

Leia a íntegra do discurso do presidente Lula

O presidente lembrou que o Brasil só tem 30% da riqueza mineral devidamente mapeada, mas que isso já é suficiente para um lugar de destaque na geopolítica da transição energética. “Contamos com 10% das reservas mundiais de minerais críticos, essenciais para a transição energética”, afirmou, diante de um público de mais de 100 autoridades e representantes empresariais das duas nações.

A criação de um Conselho Nacional de Minerais Críticos, vinculado à Presidência, será um passo para garantir a soberania. Não pretendemos reproduzir a condição de meros exportadores de commodities. Queremos agregar valor em nosso território, com responsabilidade ambiental e respeito às comunidades locais”, disse Lula

Biocombustíveis

Para o líder brasileiro, Brasil e Indonésia podem, juntos, liderar um novo mercado global na área de biocombustíveis. “O Brasil não quer apenas vender para a Indonésia. Apostamos em uma parceria equilibrada e mutuamente benéfica. Como dois dos maiores produtores de bioenergia do mundo, podemos criar juntos um mercado global de biocombustíveis. A Organização Marítima Internacional não pode adiar eternamente a decisão de descarbonizar o setor. O biocombustível de etanol é uma alternativa viável e imediatamente disponível”, defendeu Lula, que mais cedo foi recebido em visita de Estado pelo presidente Prabowo Subianto, no Palácio Merdeka.

Florestas tropicais

 Ainda em torno dos temas que dialogam com a sustentabilidade, Lula enfatizou a relevância do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que será lançado durante a COP30. “Vamos mostrar que é possível promover desenvolvimento, enfrentar a mudança do clima e proteger as florestas tropicais e sua biodiversidade. O apoio da Indonésia ao fundo tem sido fundamental”, ponderou. “O Brasil, ao anunciá-lo, depositou um bilhão de dólares no fundo. Se funcionar, ninguém vai mais ficar pedindo dinheiro como se tivesse pedindo esmola para manter a floresta em pé e evitar que o planeta tenha um aquecimento acima de um grau e meio”, completou.

Tradição universalista

O presidente frisou que o Brasil trabalhará para seguir no processo de ampliação das relações comerciais com os mais diversos países e destacou que o caráter universalista da diplomacia nacional. “Meu governo está recuperando a capacidade de planejamento do Estado e trabalhando para atrair cada vez mais investimentos. Os bons resultados são fruto de trabalho consistente de modernização regulatória e incentivos à inovação e a parcerias público-privadas. Queremos continuar a expandir nossas relações com o mundo, sem distinção ou alinhamentos automáticos”.

Mercosul

Lula também reforçou que o Brasil trabalha, no âmbito do Mercosul, para que o bloco feche um acordo com a Indonésia. “Em dezembro de 2023, na última presidência brasileira do Mercosul, fechamos um acordo com Singapura. Durante nossa atual presidência, até o fim do ano, vamos avançar nas tratativas para um acordo de comércio preferencial entre Mercosul e Indonésia”.

Indonésios entusiasmados

Para Anindya Bakrie, presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Indonésia, as duas nações representam um enorme potencial, que deve ser explorado mutuamente no incremento das relações comerciais.  “Nós somos dois países com uma população de quase meio bilhão de pessoas. Combinamos economias de quase 4 trilhões de dólares. A Indonésia é a maior economia do Sudeste da Ásia e o Brasil é a maior na América do Sul. Queremos que isso facilite um longo histórico de colaborações futuras entre ambas as nações. Nós podemos acelerar e também garantir que os negócios e os investimentos aumentem entre os dois países, não esquecendo os assuntos de sustentabilidade, de inclusão e garantindo que a inovação esteja no coração disso”.

Presidente da Apex, Jorge Viana destacou que o Brasil criou, a partir de 2023, um ambiente que permite expansão consistente das relações comerciais com nações estrangeiras. “Há um ambiente muito favorável para que se multipliquem exponencialmente os negócios. O Brasil está ajustado para receber investimentos e para ter promoção a partir das empresas brasileiras. Esse ambiente de previsibilidade é raro no mundo de hoje”, afirmou Viana, que disse que a visita de Lula à Indonésia inaugura uma nova fase promissora para a relação dos nossos dois países.

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Agendas

A visita de Lula à Indonésia é a primeira de um chefe de Estado brasileiro ao país desde 2008, ano em que foi estabelecida a Parceria Estratégica Brasil-Indonésia. Entretanto, não marca o primeiro encontro entre os dois líderes. Subianto realizou visita de Estado ao Brasil em 9 de julho deste ano, após ter participado da Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, nos dias 6 e 7 de julho. Foi a segunda visita do Presidente Prabowo ao Brasil, após sua participação na Cúpula de Líderes do G20, também na capital fluminense, em novembro de 2024. O comunicado conjunto adotado durante a visita de Estado de Prabowo Subianto ao Brasil traçou diretrizes para o fortalecimento da Parceria Estratégica Brasil–Indonésia, com ênfase em áreas como comércio agrícola, segurança alimentar e nutricional, bioenergia, e desenvolvimento sustentável.

Parceria estratégica

Em 2008, Brasil e Indonésia elevaram a relação ao nível de Parceria Estratégica, a primeira do Brasil no Sudeste Asiático. Os contatos de alto nível têm se intensificado nos últimos anos e, em 2023, o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) visitou a Indonésia, ocasião em que firmou o Plano de Ação Revitalizado para a Parceria Estratégica (2023-2026). O plano prevê o diálogo e a coordenação sobre temas bilaterais, regionais e multilaterais de interesse comum, incluindo áreas como defesa, comércio, investimentos, turismo e desenvolvimento sustentável.

Relação bilateral

A Indonésia é um dos principais parceiros comerciais do Brasil na Ásia. O país é o 16º maior destino das exportações brasileiras e o 5º no setor do agronegócio. Em 2024, os fluxos comerciais entre os dois países atingiram o patamar recorde de US$ 6,3 bilhões, com superávit brasileiro (US$ 2,6 bilhões). Destacam-se as exportações de farelo de soja (US$ 1,66 bilhão; 37% da pauta) e açúcares (US$ 1,65 bilhão; 37%).


Lula está na Ásia para uma ampla agenda no Sudeste Asiático até o dia 28 de outubro. Serão dois dias na Indonésia e, depois, o presidente segue para visita oficial à Malásia, no sábado (25/10), onde cumpre uma série de compromissos, entre eles a participação na 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e reuniões correlatas, nos dias 26 a 28 de outubro, em Kuala Lumpur.

Brasil-Asean

As relações com a ASEAN constituem eixo estruturante da prioridade atribuída pela política externa brasileira ao adensamento das relações com os países do Sudeste Asiático. Do ponto de vista econômico, a corrente comercial do Brasil com os países da ASEAN passou de US$ 3 bilhões em 2002 para US$ 37 bilhões em 2024, um aumento de doze vezes. Em 2024, o bloco foi o quinto maior parceiro comercial do Brasil no mundo, sendo também o quarto maior destino das exportações brasileiras e responsável por 20% de todo o superávit da balança comercial brasileira, com saldo positivo de USD 15,5 bilhões.

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