29 de outubro de 2025
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‘Muro do Bope’ cercou criminosos em área de mata, diz policia

Secretários afirmaram que mortes da megaoperação estavam previstas no planejamento de cerca de um ano, mas não eram desejadas

O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes, explicou a estratégia utilizada pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) para cercar os criminosos do Comando Vermelho (CV) em uma área de mata entre os complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte. Em entrevista coletiva, o comandante contou que os agentes formaram o “muro do Bope” – uma linha de contenção na Serra da Misericórdia – durante a megaoperação que terminou com 115 suspeitos mortos nesta terça-feira (28).
A incursão das tropas teve início pela área do Complexo do Alemão, com equipes da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (UPP) ocupando as localidades da Fazendinha e Nova Brasília. O 3° BPM (Méier) atuou nas áreas do Juramentinho e Flexal, enquanto o 41° BPM (Irajá) esteve nas comunidades do Trem e Ipase, na Vila da Penha. Policiais civis operaram na Vila Cruzeiro, junto com o Batalhão de Polícia de Choque (BPChq). Por fim, o Bope montou a linha de contenção na área mais alta da montanha da Serra da Misericórdia.
“Policiais incursionados nessa área, fazendo com que os marginais fossem empurrados através das nossas incursões para essa área mais alta. Isso tinha o objetivo claro de proteger a população de bem que mora naquela região. Nosso objetivo principal era garantir a integridade física das pessoas de bem. A grande maioria dos confronto e posso dizer que quase que a totalidade se deu na área de mata”, explicou o coronel Menezes.
Além dos 115 suspeitos, dois policiais civis e dois militares morreram durante a megaoperação. Ainda na coletiva, a cúpula de segurança afirmou que as mortes não eram desejadas, mas já esperadas por causa do poderio da facção, que revidou à incursão. A ação desta terça-feira foi a mais letal da história do Brasil, ultrapassando o “Massacre do Carandiru”, que registrou 111 óbitos, em 1992, em São Paulo.
De acordo com o secretário de Estado de Segurança Pública, Victor Santos, as investigações para operação levaram cerca de um ano e envolveram as polícias do Rio e de outros estados onde há atuação do Comando Vermelho, principalmente do Pará. Ele ressaltou que a incursão das tropas do Bope aconteceu pela Serra da Misericórdia por causa do histórico de conflito nas comunidades.
“Optamos em deslocar o local de contato com esses criminosos, tirando-os da área edificada das comunidades, para a área de mata, que é onde eles, efetivamente, se escondem e atacam as forças policiais. A opção foi feita para preservar a vida de todos os moradores que naquela região residem e, obviamente, minimizar o dano colateral.
Nesse contexto, nós tivemos um dano colateral pequeno: quatro pessoas inocentes foram baleadas, mas sem gravidade”, afirmou Santos, que destacou que a estratégia expôs os agentes de segurança a um risco maior.
Ainda segundo o secretário, a operação não contou com uso de aeronaves sobrevoando a região para não expor ainda mais os policiais. Apenas uma foi utilizada, junto com drones, para capturar imagens da movimentação dos bandidos e dos agentes. Inicialmente, o Governo do Estado havia divulgado as mortes de 60 suspeitos durante a megaoperação, mas os registros foram atualizados para 58, além dos 61 corpos resgatados na Serra da Misericórdia por moradores da Penha entre a madrugada e a manhã desta quarta-feira (29).
“Claro que essa alta letalidade era previsível, mas obviamente não era desejada. Todo o trabalho da polícia foi feito no sentido de dar cumprimento aos mandados de prisão e prender aqueles que estavam em flagrante delito, tanto que o número de prisões também foi muito grande. Essa foi a opção dos que decidiram se entregar. Parte desses criminosos resolveram enfrentar o Estado e atacaram deliberadamente e de forma cruel e violenta os nossos policiais. Quatro policiais morreram e tem uma dezena de policiais feridos por conta desse confronto. As vítimas dessa operação de ontem são os quatro inocentes que foram feridos os nossos quatro policiais que infelizmente faleceram”, lamentou Santos.

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