Miliciano Zinho será transferido para presídio federal, decide Justiça
A Justiça do Rio determinou que os milicianos e comparsas Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, e Marcelo de Luna Silva, o Boquinha, sejam transferidos para presídios federais, de segurança máxima.
A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) e a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) se reuniram, na noite desta quinta-feira (22), para definir o local que eles serão levados – o que ainda não tem data. A Polícia Civil do RJ também participa das tratativas.
Preso desde dezembro no ano passado, Zinho é chefe da maior milícia do Rio de Janeiro é considerado um dos criminosos mais perigosos do estado. Tem 12 mandados de prisão e estava foragido desde 2018 até se entregar, no Natal de 2023.
O miliciano está isolado numa ala do presídio de segurança máxima Laércio da Costa Pellegrino (Bangu 1).
Na manifestação, o Ministério Público destacou a alta periculosidade dos acusados e o risco para a sociedade de ficarem no estado.
“Ressalta-se que os grupos de milícia instalados neste Estado, fortemente estruturados e ostentando capilaridade por todo país e até no exterior, vem, diuturnamente, protagonizando o terror infligido, em especial, aos moradores de comunidades carentes, deles fazendo reféns e gerando situação de instabilidade por anos e sem descanso. Tudo isso já aponta para o grave e concreto risco que a permanência do referido réu em solo fluminense representa à continuidade das políticas de segurança pública em desenvolvimento no Estado”, escreveu a magistrada em sua decisão.
Quem é Zinho
Zinho assumiu a milícia de Campo Grande, Santa Cruz e Paciência, na Zona Oeste do Rio, em 2021, dois meses após a morte do antigo chefe, seu irmão, Wellington da Silva Braga, o Ecko.
Antes de se tornar o chefe da milícia, Zinho estava ligado às atividades de lavagem de dinheiro do grupo, principalmente na Baixada Fluminense, e cuidava da contabilidade do grupo.
Como o g1 revelou em 2018, na série Franquia do Crime, Zinho era sócio da empresa Macla Comércio e Extração de Saibro que, segundo a polícia, faturou R$ 42 milhões entre 2012 e 2017. Outras empresas da organização criminosa eram utilizadas para movimentação do dinheiro.
Em 29 de agosto de 2018, a Polícia Civil tentou cumprir um mandado de prisão contra Zinho em um sítio no Espírito Santo. Na ocasião, o miliciano conseguiu fugir pela mata, mas a polícia apreendeu o celular dele, deixado no momento da fuga.
Em janeiro de 2019, o Núcleo de Combate ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil efetuou o sequestro da mansão de Zinho na Barra da Tijuca, avaliada em R$ 1,7 milhão. Ele não estava em casa no momento da chegada da polícia.
Foram apreendidos também outras três propriedades do miliciano, duas delas registradas em nomes de “laranjas”.
Zinho esteve para ser capturado várias vezes, principalmente em ações da Polícia Civil, mas sempre conseguiu escapar. Em uma delas os policiais mataram um sobrinho dele, o Faustão. Como retaliação, 35 ônibus foram queimados na Zona Oeste do Rio.

