Mais de 80 crianças e adolescentes foram mortos a tiros no estado do Rio no ano passado
A morte de Dijalma Azevedo, de 11 anos, não é um caso isolado no Rio de Janeiro. Em 2022, 81 crianças e adolescentes foram assassinados da mesma forma: por tiro de arma de fogo, enquanto faziam algo da rotina. Em média, é como se a cada cinco dias um jovem entre 0 e 17 anos fosse morto. O menino foi atingido na manhã de quarta-feira quando estava a caminho da escola, em Maricá, na Região Metropolitana.
Dijalma é a segunda criança assassinada no Rio de Janeiro nos últimos quatro dias. No domingo (9), Yan Gabriel Marques, de 12 anos, foi atingido no rosto por um tiro de bala perdida, enquanto brincava, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O disparo, segundo a polícia, foi consequência de uma disputa por território entre grupos rivais de milicianos da região.
De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Rio de Paz, oito crianças foram baleadas no estado, desde o início de 2023. Todas têm idades entre 9 e 12 anos, e moravam em áreas periféricas.
Morte de Dijalma Azevedo
Adijailma Azevedo estava acostumada a levar o filho Dijalma para a escola. Na manhã de quarta-feira, ao saírem de casa, no “Minha casa, minha vida” de Inoã, em Maricá, eles seguiam a rotina normalmente, quando um tiro os atravessou. A mãe, de mãos dadas ao filho, sentiu o menino cair ao seu lado. Por perto, havia uma viatura da Polícia Militar da 12ºBPM (Niterói), e agentes armados com fuzis.
A morte de Dijalma Azevedo, menino autista e o mais velho de três irmãos, mobilizou parte dos moradores do complexo habitacional, criado em 2015, e como narram, é dominado pelo tráfico há pelo menos seis anos. Assim que ouviram os disparos, antes das 7h, eles correram em direção à Adijailma e, em únissono, acusaram os agentes pelo crime.
De acordo com a Polícia Militar, os policiais foram recebidos por tiros ao entrarem no condomínio. Um conflito teria começado e, ao final, encontraram o corpo de Dijalma e a mãe em prantos. Na viatura foram encontradas marcas de bala, vidros e retrovisores quebrados. Os agentes estavam com câmeras no uniforme, as filmagens já foram solicitadas para investigação, feita pela Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí.