3 de dezembro de 2025
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Lojistas lamentam prejuízo após incêndio na Ceasa: ‘A gente não vai conseguir continuar’

Um dos estabelecimentos completaria 20 anos na sede da central de distribuição na próxima sexta-feira (5)

O incêndio de grandes proporções que atingiu cerca de 28 lojas do pavilhão 43 na Ceasa, em Irajá, na Zona Norte, na madrugada desta quarta-feira (3), causou enormes prejuízos a comerciantes locais, que estavam com altas expectativas de vendas para as festas de fim de ano. A central de distribuição costuma receber quase 60 mil pessoas por dia e o horário de funcionamento será estendido a partir da próxima segunda, justamente por causa da grande movimentação.

Ao DIA, a empreendedora Natasha Giovanni, de 41 anos, dona de um dos estabelecimentos que pegou fogo, revelou angústia e tristeza ao ver tudo destruído.

“Eu, meu irmão e dois primos ficamos à frente da loja, porque nossos pais já pararam de trabalhar, então a gente está aqui, estávamos dando seguimento ao que eles começaram, mas a gente perdeu tudo. Dezembro é um mês bom, a gente trabalha bem e agora a gente não sabe nem como vamos começar, possivelmente a gente não vai conseguir continuar”, lamentou.

Segundo Natasha, a loja, que vendia batata, cebola e alho, completaria 20 anos naquele pavilhão na próxima sexta-feira (5). A proprietária contou ainda que os pais possuem a empresa há quase 50 anos, mas que trabalhavam em outro galpão da unidade.

“Com a ajuda dos bombeiros, eu ainda consegui pegar algumas coisas, como uma cadeira, mas o que sobrou foi muito pouco. Eu perdi toda a parte operacional, toda a identidade da loja foi embora com o fogo. A gente ia completar 20 anos agora, na sexta-feira, inclusive, a gente estaria em festa aqui (…) Sempre fazemos uma festinha para os clientes e funcionários, mas não teremos nada. Não sei o que vamos fazer”, disse.

A empresária também fez críticas a segurança do espaço. “Nós trabalhamos aqui com toda a nossa família. Meus pais iniciaram tudo. É algo muito triste! Estamos enfrentando uma crise econômica muito séria e hoje vimos que perdemos tudo. Isso só piora! Nós pagamos conta de luz, condomínio e IPTU e não temos garantia de nada. Nem seguro podemos ter, pois nunca conseguimos o alvará dos Bombeiros. O prefeito esteve aqui e disse que somos isentos, mas não somos. Eu quero saber quais as próximas providências que ele vai tomar”, frisou.

Outra comerciante, Jenia Martins, contou que chegou a chorar ao ver o fogo. “Eu recebi a notícia ainda em casa, quando eu estava me preparando para vir trabalhar. E quando eu cheguei aqui, que eu vi a situação que estava, eu me emocionei, chorei bastante já, porque a gente pensa nos funcionários, nos familiares. No prejuízo também das mercadorias que estavam dentro da loja, documentação de funcionário, tudo. A gente fica bem abalado. Eu acho que a gente perdeu tudo!”, disse.

Uma cliente da rede de distribuição, a cozinheira Neusa Rodrigues dos Santos, relembrou demais incêndio na Ceasa e lamentou a situação. “Eu frequento isso aqui há muitos anos. Sempre trabalhei por aqui e sempre vejo esses incêndios. É muito triste ver o sofrimento dos trabalhadores. Esse problema não muda!”, afirmou.
Ainda no local, lojistas do entorno demonstraram preocupação e se solidarizaram com os colegas afetados, com foi o caso do empreendedor Antonio Mordach, que vende frutas e legumes.

“Por volta das 2h eu recebi o telefonema de um motorista que veio me entregar um material dizendo que estava acontecendo um incêndio enorme. Eu vim pra cá desesperado. A minha loja tem umas saídas de ar e isso contribui com o vento que ajudou a espalhar as chamas e não atingiu o meu boxe. Aqui do nosso lado nós enfrentamos um grande incêndio há cerca de 20 anos e com isso fizemos uma obra, que nos ajudou”, explicou.

Antônio chegou a comentar que ouviu muitas explosões durante o incêndio, e que alguns estabelecimentos tiveram apenas o estoque incendiado, enquanto outros foram totalmente queimados. A maioria dos lojistas da região afirmaram ainda tirar do Ceasa a sua única fonte de renda.

Prefeito descarta desabastecimento
Durante a manhã, o prefeito Eduardo Paes esteve no local e reforçou que não há riscos de desabastecimento na cidade. Além disso, os comerciantes atingidos estarão isentos do IPTU.

“Isso mostra um pouco o risco dessa época do final do ano, o pessoal estoca muito material, muito produto e isso acaba gerando uns riscos maiores de incêndio. Mas não vai ter risco nenhum de desabastecimento, o prejuízo poderia ser muito maior, mas os galpões afetados, a maioria deles são de grandes distribuidoras que tem outras bases aqui na Ceasa, e alguns menores, a prefeitura vai estar à disposição”, disse

Ceasa recebe quase 60 mil pessoas por dia

Considerada a segunda maior central de abastecimento da América Latina, a Ceasa de Irajá recebe, diariamente, quase 60 mil pessoas e 40 mil veículos que redistribuem todo o material comercializado para a capital e municípios vizinhos como São João de Meriti, Nilópolis, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Magé, entre outros.

Principal ponto de comercialização de hortifrutigranjeiros no território fluminense, a instituição foi criada em 20 de maio de 1970 e inaugurada em março de 1974.

O bairro de Irajá, na Zona Norte, abriga a sede da empresa, que hoje conta com outros cinco mercados situados em São Gonçalo, na Região Metropolitana; Nova Friburgo, na Região Serrana; Paty do Alferes, no Vale do Paraíba; São José de Ubá e Itaocara, no Norte e Noroeste do estado.

Funcionamento
Devido ao fogo, os pavilhões 43 e 44 permanecem totalmente interditados, enquanto parte do Pavilhão 42 também está isolada para garantir a segurança de todos.

As demais áreas seguem operando normalmente. Também atuam no local, neste momento, 15 policiais militares do Programa de Integração na Segurança (Proeis), 30 seguranças da vigilância privada da Ceasa e caminhões-pipa da Águas do Rio.

Após a conclusão da perícia que apura as causas do incêndio, a instituição dará início às tratativas com o governo do estado para definir a melhor forma de apoiar os lojistas que tiveram suas unidades atingidas pelo fogo. O caso será investigado pela 27ªDP (Vicente de Carvalho).

Na terça (2), o centro de distribuição informou que a unidade passará a funcionar em horário especial a partir da próxima segunda-feira (8) devido as festas de fim de ano. As lojas vão abrir às 3h até o dia 2 de janeiro.
Outros casos 
Em agosto do ano passado, um outro incêndio de grandes proporções atingiu um depósito da unidade da Ceasa do bairro Colubandê, em São Gonçalo, na Região Metropolitana. O estabelecimento atingido foi uma loja fornecedora de plásticos e descartáveis.

Em maio do mesmo ano, a área de caixotaria da Ceasa do Rio, em Irajá, na Zona Norte, também pegou fogo. Na ocasião, as chamas se espalharam rapidamente pelos caixotes de madeira. Já em outubro de 2022, um grande incêndio atingiu cinco lojas do estabelecimento.

No dia 31 de outubro de 2022, um incêndio atingiu cinco lojas do Ceasa. Na ocasião, um órgão vinculado à Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento se solidarizou com os donos dos estabelecimentos. De acordo com a assessoria do Ceasa, as lojas Bastos, São Miguel Arcanjo, uma lotérica e outros dois depósitos de materiais descartáveis foram atingidos pelo fogo.
Um dia antes, um outro incêndio também atingiu uma serralheria e três depósitos de descartáveis do Ceasa. O fogo não afetou as estruturas do local e foi controlado pelos bombeiros.

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