Investimentos chineses no Brasil crescem 113% em 2024 e chegam a US$ 4,8 bi
Levantamento do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), divulgado nesta quinta (4/9), mostra um crescimento vigoroso dos investimentos chineses no Brasil. Em 2024, o aumento em relação ao ano anterior foi de 113%, chegando a US$ 4,8 bilhões.
Os dados refletem a mudança nos rumos da política de relações exteriores do Brasil a partir de 2023, com a reinserção do País em blocos econômicos outrora ignorados. O CEBC, autor do estudo, é uma instituição criada em 2004, e que reúne empresários e lideranças de diversos segmentos de mercado, privadas e públicas.
Segundo o relatório, o Brasil foi a economia emergente que mais atraiu investimentos chineses em 2024 e o terceiro país que mais absorveu capital produtivo da China no mundo.
A distribuição temporal dos valores e do número de investimentos chineses no Brasil aponta que, a partir de 2023, a retomada de grandes projetos de infraestrutura, que dependem da determinação do Estado em iniciá-los e os promover, alterou o perfil dos projetos.
A China não deixou de investir no Brasil em anos anteriores, mas a principal fatia dos projetos era de menor porte. Segundo o CEBC, entre 2015 e 2019, houve queda nas obras dos setores elétricos e de petróleo, o que levou os chineses a priorizarem projetos “menores” em setores como tecnologia da informação, indústria manufatureira e eletricidade – sobretudo em fontes renováveis.
Já em 2024, conforme o relatório, “com participação de 34%, o setor de eletricidade liderou a atração de investimentos chineses no Brasil, com aportes que somaram US$ 1,43 bilhão – valor 115% superior ao verificado em 2023, marcando o maior crescimento relativo dos investimentos na área de eletricidade desde 2019”.
Em segundo lugar, o setor de petróleo absorveu 25% dos investimentos, com cerca de US$ 1 bilhão, “um dos maiores valores registrados na última década, o que mostra que, mesmo com forte presença chinesa na área de transição energética no Brasil, ainda há grande interesse por projetos ligados a combustíveis fósseis”.
O setor de fabricação de automotores ficou em terceiro lugar (14%), seguido por mineração (13%), transporte terrestre (12%) e fabricação de aparelhos elétricos (2%).
Há também uma alteração no perfil geográfico dos investimentos, que migram gradativamente da antiga hegemonia na região Sudeste do Brasil para outros polos, diz o estudo.
Enquanto isso, a China desacelera seus investimentos nos Estados Unidos. “Esses aportes caíram 11% nos EUA, mas cresceram na União Europeia e Reino Unido (47%) e Austrália (41%) – ainda que os valores totais investidos nessas regiões sigam bem abaixo dos montantes registrados em períodos anteriores. Na América Latina e Caribe, se desconsiderado o
Brasil, os investimentos chineses caíram 8,4%.”
O crescimento percentual dos investimentos chineses no Brasil foi muito superior ao aumento de 13,8% na soma dos investimentos estrangeiros de maneira geral no país em 2024, que chegaram a US$ 71 bilhões, de acordo com o Banco Central (2025).