27 de agosto de 2025
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Investigador que apontou arma para jovem em SP diz que queria prender suspeito de roubo, e nega agressão e racismo

O investigador da Polícia Civil que foi flagrado apontado uma arma para um adolescente no bairro do Carandiru, Zona Norte da capital paulista, no domingo (12), se pronunciou pela internet e negou que tenha ocorrido agressão ou sido racista.

Paulo Hyun Bae Kim disse no vídeo que estava com a mulher e os filhos, na região do Parque da Juventude e o Metrô Carandiru, quando ela teria tido o aparelho levado pelo suspeito. Em seguida, ele sacou a arma e correu atrás do rapaz para tentar prendê-lo.

“Passam dois moleques de bicicleta, um deles empurra minha esposa, o outro arrebata o celular da mão dela, e ela grita: ‘pega, pega, meu celular, meu celular’. Imediatamente, eu saco minha pistola, e vou atrás deles. Um deles acaba por perder equilíbrio, e um dos pedestres ali, um dos cidadãos ali, acaba detendo esse menor, o suposto menor. Ocorre uma aglomeração de pessoas, e uma delas ali grita: ‘solta, solta, solta o moleque, solta o moleque’. Em dado momento, eu vou até essa pessoa, e eu falo, você está defendendo o ladrão? Logo na sequência, esse moleque acaba se soltando desse cara, e eu faço uma nova perseguição para detê-lo.”

O ouvidor das polícias de São Paulo, Claudio Silva, afirmou em entrevista à GloboNews que pedirá o afastamento e desarmamento do investigador, considerando que ele já possui histórico de episódios violentos, o que, inclusive, levou a própria irmã a ter uma medida protetiva contra ele.

A mulher dele seria a pessoa que aparece no vídeo pedindo para que Paulo guardasse a arma e não atirasse no suspeito desarmado. As crianças que choravam no vídeo seriam os filhos dele.

“As crianças chorando, o nervosismo da minha esposa, ela não está muito bem emocionalmente, a mãe dela está com problemas de saúde. Ela só queria ir embora para casa. Como já tinha recuperado o celular, as crianças chorando, nervosismo de todos ali, ela só queria ir embora para casa. E eu queria fazer a prisão desse vagabundo. Por isso que eu saco minha pistola e vou abordá-lo. Em momento nenhum eu excedo na minha conduta. Não existe agressão ali. Eu só queria contê-lo e prendê-lo.”

“Porém, devido a aglomeração de populares ali e a segurança da minha família, eu achei por melhor ficar com eles do que ir atrás do bandido naquela hora que ele consegue fugir. Essa é a minha explicação. Eu quero também dar mais uma nota que esse crime não tem cunho. Eu não sou um cara racista. Não tem cunho racial. O cara podia ser um branco, um preto, um amarelo, um vermelho. Não tem cunho racial. Eu não sou um cara racista”, diz.

Paulo é investigado pela Corregedoria da corporação.

“A Polícia Civil, a partir do momento que tomou conhecimento do vídeo, instaurou inquérito policial e identificou o homem armado, que se trata de um investigador de polícia. A Corregedoria foi acionada e apura o caso”, disse a SSP em nota.

PM de folga

O flagrante ganhou notoriedade não só pela postura de violência do investigador armado, que bate e ameaça o suposto infrator com a pistola na frente de crianças, mas também pela omissão de uma policial militar uniformizada.

A PM assiste toda a cena sem intervir. Quando é questionada sobre a falta de ação por um fotógrafo, ela diz que “está de folga e o procedimento é ligar para o 190 e chamar uma viatura”.

De acordo com a SSP, houve uma conduta omissa considerada grave da agente da PM, “uma vez que não condiz com as expectativas da sociedade e muito menos com as responsabilidades do profissional de segurança pública”.

“Todo policial militar deve agir prontamente sempre que presenciar um crime, estando ou não em serviço”, disse a pasta da Segurança Pública.

Por causa da omissão, a policial foi afastada dos serviços operacionais até a conclusão do Inquérito Policial Militar, que foi instaurado para apurar os fatos.

Segundo o ouvidor das polícias, Claudio Aparecido da Silva, a PM de folga poderia ter pedido apoio a outra equipe e transferido a ocorrência para que fosse dado andamento ao caso.

“E se ela não tinha celular, como respondeu à pessoa que gravava, ela poderia ter solicitado o celular para algum popular. Isso se ela estivesse realmente disposta a colaborar para que o desdobramento não fosse o pior, o que poderia ter sido. Houve um risco iminente de vida àquele jovem”.

Graças à intervenção de pessoas que passavam pelo local e às súplicas da mulher que pedia para que ele “guardasse a arma”, o adolescente conseguiu sair do local.

O fotógrafo que pediu ajuda e estava gravando a ação diz para a policial de folga: “Pra que vocês servem?”. Ela se ofende e ameaça prender o rapaz que gravou a ação.

“Se o senhor falar comigo desse jeito, eu vou te prender. Tá ouvindo? Você não me desrespeita não. Tá gravado que você me desrespeitou. Se você é da imprensa, eu sou da polícia. Você me respeita”, afirmou.

Ao ser questionada sobre o motivo de não agir, a PM disse que “está de folga e o procedimento é ligar 190 e pedir viatura”.

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