Ilha na Dinamarca produz mais energia limpa do que consome e vira modelo internacional
Rural e remota, a pequena ilha de Samso poderia ser só mais um destino bucólico na Dinamarca. Mas o município de 3.700 habitantes ganhou fama ao se tornar 100% autossuficiente na geração de energia limpa.
Hoje, Samso produz 40% mais energia renovável do que consome, exporta cerca de 80 mil megawatts-hora (MWh) de eletricidade por ano para outras regiões do país e é modelo em planejamento de transição energética.
Conhecida pela produção de batatas e pelo aluguel de temporada no verão, a ilha sempre dependeu da importação de petróleo e gás do continente, ao qual está conectada por balsas. Mas o destino mudou em 1997, quando o Ministério do Meio Ambiente lançou uma competição entre cidades.
Samso foi contemplada por um financiamento para atingir 100% de energia limpa em dez anos. O plano foi bem-sucedido antes disso.
Os sistemas de aquecimento também mudaram: se antes os aquecedores consumiam, principalmente, gás e óleo, hoje 75% do aquecimento é alimentado por energia limpa, especialmente produzida por painéis solares ou pelas quatro usinas de biomassa.
A próxima meta de Samso é se tornar 100% livre de combustíveis fósseis até 2030. Para isso, é preciso ir além da geração de energia e reduzir o impacto ambiental de outras atividades. Uma das prioridades é trocar as balsas que conectam a ilha ao continente, movidas a gás natural com hélices elétricas, por versões totalmente elétricas.
Para promover essas mudanças, o foco das lideranças locais tem sido conquistar o apoio da comunidade e mostrar que a transição energética também significa economia.
“Nos primeiros dez anos, o objetivo era substituir petróleo por energia verde. Agora precisamos falar de mudanças climáticas”, diz Soren Hermansen, diretor da Academia de Energia de Samso .
“Antes o foco era chegar ao ‘net-zero’ de energia limpa. Hoje é mais difícil, porque precisamos olhar para a maneira como vivemos e pensar em como reduzir todas as emissões [de CO2].”