Hidrogênio verde: o Rio na vanguarda da energia limpa
Com o Porto do Açu como protagonista, o Rio de Janeiro lidera projetos de hidrogênio verde que unem desenvolvimento econômico e sustentabilidade.
O Brasil se encontra diante de uma grande oportunidade: liderar a transição energética mundial por meio do hidrogênio verde, considerado o combustível do futuro. Um estudo da consultoria McKinsey aponta que essa cadeia produtiva poderá movimentar até 200 bilhões de dólares nos próximos 15 anos, consolidando o país entre os protagonistas da economia de baixo carbono.
Nesse movimento, o estado do Rio de Janeiro já desponta como referência. O Porto do Açu, no Norte Fluminense, deu um passo decisivo ao criar um hub dedicado ao novo combustível em uma área de 1 milhão de metros quadrados. Com infraestrutura logística robusta, proximidade a mercados estratégicos e oferta abundante de energia renovável, o complexo já atraiu gigantes como Fuella, H2Brazil, Fortescue e Yamna. A meta é produzir amônia verde e ferro-esponja (HBI), insumos essenciais para a indústria e com grande demanda no mercado externo.
O hidrogênio verde é gerado a partir da eletrólise da água – processo que utiliza energia renovável, como solar e eólica, para separar o hidrogênio do oxigênio. O resultado é uma fonte energética limpa, sem emissão de gases de efeito estufa, capaz de substituir o petróleo e o gás em diversos setores — da siderurgia ao transporte pesado.
A aposta na nova matriz energética trará impactos diretos na geração de empregos. Estima-se que milhares de postos de trabalho serão gerados em pesquisa, construção de plantas industriais e operação de novas cadeias produtivas. As empresas fluminenses terão vantagens estratégicas, como acesso direto a insumos limpos e condições para exportar com selo verde, agregando valor aos produtos.
Outro impacto significativo é no bolso. Com o avanço da tecnologia e da escala de produção, os custos tendem a cair, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis. Não menos importante, haverá ganhos na saúde da população: a substituição de processos poluentes por energias limpas diminui o risco de doenças respiratórias.
O caminho, porém, ainda tem barreiras. O custo atual de produção do hidrogênio verde gira em torno de 6 dólares por quilo, enquanto alternativas fósseis custam cerca de 2 dólares. Para que o novo combustível se torne competitivo, será essencial investir em pesquisa, inovação e infraestrutura. Além disso, o Brasil precisará adotar políticas públicas estáveis, garantindo segurança jurídica e atraindo investidores – a exemplo do que já fazem EUA e Europa.
O hidrogênio verde não é apenas uma promessa ambiental. É também uma estratégia de crescimento econômico, geração de empregos e inclusão social. Se bem aproveitado, poderá colocar o Brasil — e o Rio em especial — no centro da nova economia mundial. O futuro da energia limpa já começou, e ele passa pelo nosso estado.